Blinken destaca em Kyiv avanços militares e reforça apoio dos EUA
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, destacou hoje em Kyiv os progressos das forças ucranianas na contraofensiva para retomar território ocupado pelas tropas russas e afirmou que Washington pretende garantir que a Ucrânia "tem tudo o que precisa".
© Lusa
Mundo Guerra na Ucrânia
Blinken chegou hoje a Kyiv para uma visita surpresa e já manteve vários encontros, incluindo com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, "para demonstrar o apoio à Ucrânia enquanto faz frente à agressão" russa, numa fase em que as forças ucranianas mantêm há três meses uma contraofensiva, marcada por avanços lentos apesar do apoio militar dos aliados ocidentais, face às fortes linhas defensivas russas, sobretudo na frente sul.
"Estamos a ver progressos na contraofensiva", disse aos jornalistas o secretário de Estado norte-americano à margem de um encontro com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, embora tenha reconhecido que o avanço "é muito complicado".
Antes da reunião, o chefe da diplomacia norte-americana disse estar em Kyiv, a pedido do Presidente Joe Biden, para garantir que "a Ucrânia tenha tudo o que precisa, não apenas para ter sucesso na contraofensiva, mas também, a longo prazo, que conta com uma dissuasão firme e uma capacidade defensiva forte para que no futuro não se repitam agressões como esta".
Blinken manifestou intenção de continuar a trabalhar com os aliados de Kyiv na construção da economia e uma democracia firmes na Ucrânia, para que o país "não só sobreviva, mas prospere no futuro", tendo nos Estados Unidos "um parceiro forte" para estes objetivos.
Depois de chegar a Kyiv, Blinken colocou uma coroa de flores no cemitério de Berkovetske, em homenagem às militares ucranianas que morreram na guerra, segundo a agência norte-americana AP, e avistou-se com o seu homólogo e também com o primeiro-ministro, Denys Shmyhal, tendo ainda previsto um encontro com o Presidente Volodymyr Zelensky.
Um alto funcionário do Departamento de Estado disse aos jornalistas que, no decurso da sua deslocação a Kyiv, o secretário de Estado deverá anunciar mais de mil milhões de dólares [931 milhões de euros, ao câmbio atual] em novos fundos americanos para a Ucrânia.
Na viagem para Kyiv, também se avistou com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, com quem discutiu a importância da aliança entre Washington e Copenhaga para a segurança transatlântica e a quem agradeceu a liderança na coligação internacional de caças F-16 para formar pilotos ucranianos, além da decisão de doar estes aviões de combate a Kyiv, segundo uma nota do Departamento de Estado.
Blinken teve ainda uma reunião com o homólogo polaco, Zbigniew Rau, ao qual destacou a importância da unidade da NATO e estreita consulta dos parceiros de Washington sobre a evolução das ameaças à Aliança e também agradeceu "a generosa assistência contínua da Polónia à Ucrânia".
Da parte ucraniana, o primeiro-ministro Denys Shmyhal agradeceu, citado numa nota do Departamento de Estado, a nova presença de Blinken em Kyiv e referiu que os Estados Unidos representam um terço de todo o apoio orçamental direto da Ucrânia.
"E estamos gratos por este dinheiro chegar sob a forma de subvenções, porque isso não afeta a dívida estatal da Ucrânia, e este é um fator muito importante nestes tempos difíceis", sublinhou o primeiro-ministro ucraniano, que apontou também o apoio que os Estados Unidos fornecem juntamente com o Banco Mundial para garantir o projeto "Paz na Ucrânia", que contempla a transferência de 17,9 mil milhões de dólares (18,8 mil milhões de euros ao câmbio atual), mais de metade já este ano.
"Todos os salários pagos na Ucrânia no setor público durante o ano passado, incluindo programas sociais e outros, são financiados através deste fundo", observou, elencando ainda o apoio de Washington bilateral sobre a suspensão temporária do serviço da dívida, ajuda militar, aplicação de sanções a interesses russos e acordo global de exportação de cereais no Mar Negro.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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