PCP e CDS convergem na cautela sobre adesão da Ucrânia à UE

Os eurodeputados portugueses João Pimenta Lopes e Nuno Melo convergiram na necessidade de haver cautela quanto à adesão da Ucrânia, pelas implicações na distribuição de fundos comunitários e para que o processo seja igualitário para todos os países.

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Lusa
08/09/2023 12:32 ‧ 08/09/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

 

A convergência entre o eurodeputado comunista (pertencente ao grupo política da Esquerda) e o centrista Nuno Melo (do Partido Popular Europeu) surgiu durante um debate por videoconferência depois de o socialista Pedro Marques (Sociais & Democratas) dizer que a União Europeia (UE) contrastou, por exemplo, com os Estados Unidos no apoio à Ucrânia pela unanimidade entre os 27 e de desejar a abertura do "caminho para a adesão" ao bloco político-económico.

João Pimenta Lopes considerou que há "posições contraditórias" sobre o alargamento da União Europeia e que a Ucrânia "é um país à dimensão de uma Polónia".

O quadro é o de "exiguidade e insuficiência de recursos", particularmente os fundos comunitários que estão "cada vez mais emagrecidos" e prejudicam o desenvolvimento de países como Portugal, completou o eurodeputado comunista.

A integração hoje da Ucrânia levaria, na opinião de Pimenta Lopes, a "uma divisão ainda maior de um bolo que já é curto".

Já o presidente do CDS-PP advogou que a adesão do país invadido há um ano e meio pela Rússia "não pode ser um processo que assenta em bases emocionais".

"Os critérios são objetivos, são os de Copenhaga [estabelecidos em 1993 e que todos os países candidatos têm de cumprir]. Não pode ser a circunstância de uma guerra que pode alterar critérios que são para todos e para a Ucrânia aderir há a necessidade de verificação destes pressupostos", acrescentou o eurodeputado democrata-cristão.

O socialista Pedro Marques, antigo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, acrescentou que os 27 têm de ir mais longe na discussão sobre o futuro da UE e olhar para "matérias críticas como a pandemia e a guerra na Ucrânia", que não só revelaram unidade entre todos os países do bloco, mas também aumentaram a pressão sobre todos.

"Depois de criarmos a moeda única, precisamos de criar um orçamento único, permanente, em vez de saltarmos de crise em crise com falta de recursos", advogou, completando que quando há uma resolução apressada de um problema os recursos canalizados para outros "deixam de estar disponíveis".

Contudo, Pedro Marques advertiu que "há países a utilizar o processo de sanções como uma verdadeira chantagem para com outros países" e que a unanimidade não é sempre fácil.

Sobre este ponto, João Pimenta Lopes disse que ouviu "com alguma surpresa" o socialista evocar "as sanções para afirmar que outros as utilizam para chantagear quando as sanções em si são uma chantagem" para com os países visados.

O comunista referiu que o conflito na Ucrânia "não devia ter começado" e que "urge encontrar um caminho" para uma resolução "política negociada".

Pedro Marques notou que o eurodeputado do PCP condenou a guerra, mas continua sem condenar o agressor, "que é Vladimir Putin", que provocou do comunista uma réplica acusando o socialista de replicar narrativas "da direita e da extrema-direita".

Leia Também: Ucrânia. Ex-ministro pede "união e coragem" para evitar III Grande Guerra

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