O governador da região de Odessa, Oleg Kiper, disse que as forças russas bombardearam hoje infraestruturas portuárias em Reni e Izmail, no Danúbio, fundamentais para a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro.
Para a coordenadora humanitária da ONU na Ucrânia, Denise Brown, "é tremendamente alarmante" que mais duas zonas portuárias tenham sido bombardeadas, deixando pelo menos sete pessoas feridas.
"As consequências deste padrão brutal e implacável de ataques russos são catastróficas para o povo da Ucrânia e para 345 milhões de pessoas que enfrentam a fome em todo o mundo", disse Brown num comunicado.
Brown lembrou que o direito humanitário internacional proíbe estritamente os ataques a infraestruturas civis.
"Isto tem de acabar", afirmou.
"É chocante, mas desde 17 de julho tem havido quase um ataque por dia a portos e armazéns de cereais na Ucrânia", afirmou Brown, citada pela agência espanhola Europa Press.
Naquela data, a Rússia retirou-se da iniciativa sobre os cereais do Mar Negro, que esteve em vigor durante um ano com base em acordos entre as Nações Unidas, a Rússia, a Ucrânia e a Turquia.
A Força Aérea ucraniana disse que as forças russas lançaram hoje 44 'drones' (aparelhos sem tripulação) Shahed de fabrico iraniano contra as regiões de Odessa (sul) e Sumy (nordeste).
Os 'drones' tinham "como alvo principal o sul da região de Odessa e as infraestruturas portuárias", disse a Força Aérea, acrescentando que abateu 32 dos aparelhos.
O governador de Odessa disse que sete civis ficaram feridos, seis em Reni e um em Izmail, dois dos quais estavam em estado grave.
O bombardeamento russo aconteceu no mesmo dia em que as forças ucranianas atacaram a cidade portuária de Sevastopol, na Crimeia, situada a cerca de 370 quilómetros a sueste de Izmail, em linha reta.
Sevastopol serve de base principal para a frota russa do Mar Negro.
O ataque feriu 24 pessoas, danificou dois navios que estavam a ser reparados e provocou um incêndio nas instalações, informaram as autoridades russas, segundo a agência norte-americana AP.
A península da Crimeia, que a Rússia anexou à Ucrânia em 2014, tem sido um alvo frequente dos ucranianos desde que as tropas russas invadiram o país vizinho, em 24 de fevereiro de 2022.
Em agosto, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prometeu fazer tudo para recuperar a Crimeia e pediu aos aliados internacionais que apoiassem esse esforço.
O ataque de hoje ao estaleiro de Sebastopol parece ter sido um dos maiores das últimas semanas, segundo a AP.
O Ministério da Defesa russo disse que a Ucrânia lançou 10 mísseis de cruzeiro contra o estaleiro e três 'drones' marítimos contra navios russos no Mar Negro.
O ministério afirmou que foram abatidos sete dos 10 mísseis e os três 'drones'.
O estaleiro é de importância estratégica por ser ali que são retirados os navios da frota do Mar Negro.
As informações divulgadas pelas duas partes sobre o curso da guerra não podem ser verificadas de imediato por fontes independentes.
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