O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, considerou hoje que a ilha de Lampedusa simboliza o problema da imigração ilegal para a Europa, adiantando que irá aprovar uma resolução especial para "expressar a oposição" do país ao fenómeno.
Morawiecki sublinhou a "necessidade de um plano europeu para combater o problema" e criticou o "plano desastroso para a Europa anunciado pela presidente da Comissão Europeia [Ursula von der Leyen] após a sua visita a Lampedusa".
"Temos de adotar uma resolução especial sobre este plano da União Europeia", disse a presidente da União Europeia, que notou que "a solução não é a deslocalização dos imigrantes ilegais".
Varsóvia anunciou, em junho, que vetaria a decisão de Bruxelas de realocar à força 120 mil migrantes por ano para países da União Europeia (UE), e que obrigaria os países que se recusassem a aceitá-los a pagar 20 mil euros por cada migrante não aceite.
Em vez disso, Morawiecki propõe um "plano de fronteiras seguras" que inclua "a reforma" da Agência Europeia de Fronteiras Externas (Frontex) e o "aumento do orçamento de fundos para o desenvolvimento dos países que fazem fronteira com a União Europeia".
Por seu turno, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Arkadiusz Mularczyk, afirmou hoje, na rádio pública polaca, que a situação na ilha italiana de Lampedusa, situada entre Malta e a costa da Tunísia, que o fenómeno está a ser catapultado como instrumento político.
"Alguém está a ajudar estas pessoas a atravessar centenas, milhares de quilómetros da Nigéria e dos países da África Central até ao Mar Mediterrâneo, alguém está a ajudá-las a viajar, alguém que tem interesse nisso, e sem dúvida esse 'alguém' é a Rússia", acusou.
Na opinião de Mularczyk, "por trás desta situação está claramente [o Presidente russo, Vladimir] Putin, cujo objetivo é desestabilizar a situação".
"Tanto o grupo [russo de mercenários] Wagner como a Rússia têm interesse em desestabilizar os países da Europa Ocidental para criar confusão, agitação, alarme e para desviar a atenção da Ucrânia, o que estão a conseguir, porque hoje a guerra está em segundo plano", acrescentou.
O governo de Itália queixa-se do aumento de migrantes que têm desembarcado no país, na sequência da chegada de mais de 10.000 pessoas em três dias, tendo o vice-primeiro-ministro e ministro italiano dos Negócios Estrangeiros afirmado que a situação "já explodiu",
"Não há muros que consigam conter o movimento de milhões e milhões de pessoas. Veja-se a história das invasões bárbaras. O exército de Roma, o mais poderoso da história militar, não conseguiu travá-las", afirmou na segunda-feira.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitou no domingo a ilha de Lampedusa junto à primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Mais de 127.000 migrantes entraram em Itália desde o princípio do ano, quase o dobro em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com dados do Ministério do Interior italiano.
Muitos desembarcaram em Lampedusa, o território italiano mais a sul.
A primeira-ministra alertou que o aumento na chegada de migrantes representa uma "pressão insustentável" para Itália.
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