Erevan, 19 set 2023 (Lusa) - Mais de 7.000 civis de 16 localidades foram retirados hoje de Nagorno-Karabakh, após o lançamento de uma operação militar em grande escala por parte do Azerbaijão, anunciaram as autoridades separatistas arménias deste enclave.
"Mais de 7.000 pessoas foram retiradas de 16 localidades nas regiões de Askeran, Martakert, Martouni e Shushi em Artsakh", este último é o nome dado pelos arménios a Nagorno-Karabakh, declarou no X (ex-Twitter) Gegham Stepanian, defensor dos direitos humanos da região separatista.
O exército do Azerbaijão afirmou ter tomado mais de 60 posições arménias na ofensiva de hoje em Nagorno-Karabakh, região disputada com a Arménia há décadas, enquanto se multiplicam apelos internacionais ao fim dos confrontos armados.
Os separatistas de Nagorno-Karabakh declararam que os combates deixaram pelo menos 27 mortos, incluindo dois civis, e mais de 200 feridos nesta região, onde os cerca de 7.000 residentes de 16 localidades foram retirados.
Pelo seu lado, o Azerbaijão informou que dois civis morreram em áreas sob o seu controlo.
No início da noite, a Presidência do Azerbaijão apelou às tropas deste território separatista do Azerbaijão, habitado maioritariamente por arménios, a deporem as armas, condição imposta para o início das negociações.
"As forças armadas arménias ilegais devem hastear a bandeira branca, entregar todas as armas e o regime ilegal deve ser dissolvido. Caso contrário, as operações antiterroristas continuarão até ao fim", referiu a Presidência azeri, replicando a diplomacia do Azerbaijão que exige uma rendição "total e incondicional".
A Presidência azeri propôs, em caso de capitulação, conversações "com representantes da população arménia de Nagorno-Karabakh em Yevlakh", uma cidade do Azerbaijão a 295 quilómetros a oeste de Baku.
Antes disso, as autoridades desta região disputada apelaram a um cessar-fogo imediato e a negociações.
Os separatistas afirmam que várias cidades de Nagorno-Karabakh, incluindo a sua capital Stepanakert, são alvo de "tiroteios intensivos", que também visam infraestruturas civis.
Os confrontos ocorrem "ao longo de toda a linha de contacto" neste território e os azeris utilizam "artilharia", foguetes, 'drones' de ataque e aviões, afirmaram.
Quanto à Arménia, que denunciou uma "agressão em grande escala" para fins de "limpeza étnica", esta garantiu não ter tropas em Nagorno-Karabakh, sugerindo que os separatistas estavam sozinhos a combater os soldados azeris.
Os arménios consideram que cabe à Rússia, que garante o cessar-fogo que data de 2020 com forças de paz no terreno, agir para "travar a agressão do Azerbaijão".
O conflito de 2020 resultou numa derrota militar da Arménia, que teve de ceder terreno ao Azerbaijão em Nagorno-Karabakh e arredores.
Um cessar-fogo, negociado pela Rússia, foi concluído por estas duas antigas repúblicas soviéticas no Cáucaso, sem nunca chegarem a um acordo de paz.
Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa do Azerbaijão de maioria arménia, declarou a independência de Baku na sequência da desintegração da União Soviética, em 1991.
A declaração da independência desencadeou um conflito armado de que saíram vencedores os separatistas apoiados pela Arménia.
Trinta anos mais tarde, no outono de 2020, as forças armadas do Azerbaijão reconquistaram dois terços do território, situado no sul do Cáucaso.
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