O Ministério dos Negócios Estrangeiros indicou que o seu objetivo é responder às palavras de Zelensky, que afirmou durante a sua visita a Nova Iorque por ocasião da Assembleia-Geral das Nações Unidas que "alguns países estão a ajudar a preparar um palco para o surgimento de um ator de Moscovo".
Em resposta, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, ameaçou hoje, em declarações ao canal polaco Polsa, adicionar mais produtos à lista de importações ucranianas bloqueadas se Kiev "intensificar o conflito" sobre esta questão.
O chefe do executivo polaco publicou ainda um vídeo nas suas redes sociais em que recordou que o seu país "foi o primeiro a fazer muito pela Ucrânia" e por isso espera que os seus interesses sejam compreendidos e promete defendê-los "com toda a determinação".
A Polónia, juntamente com a Hungria e a Eslováquia, decidiu prorrogar unilateralmente a proibição de importação de produtos agroalimentares da Ucrânia, depois de Bruxelas ter levantado as restrições impostas a pedido destes países em 15 de setembro.
Em resposta, a Ucrânia apresentou na segunda-feira uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC), o que, comentou hoje Morawiecki, "significa apenas que alguém, neste caso o lado ucraniano, não compreende a desestabilização [a entrada de produtos ucranianos] no mercado agrícola polaco.
A escalada verbal entre a Polónia e a Ucrânia intensificou-se com o discurso na terça-feira do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante a reunião da Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque.
"É preocupante que alguns na Europa estejam a desempenhar o papel de solidariedade num teatro político, transformando (a questão dos) cereais num 'thriller'. Parece que estão a desempenhar os seus próprios papéis. Mas o que estão a fazer é ajudar a definir o palco para um ator de Moscovo", disse Zelensky.
Mais tarde, o Presidente polaco Andrzej Duda respondeu a estas declarações, dizendo à imprensa que "qualquer pessoa que já tenha participado no resgate de uma pessoa que se afoga sabe que é extremamente perigoso e pode arrastá-la até às profundezas".
Duda acrescentou que ninguém pode culpar a Ucrânia, na sua difícil situação, por "agarrar-se a tudo o que pode", mas, continuando a comparação, acrescentou que é legítimo proteger-se do perigo enquanto resgata alguém que se afoga.
A agenda de Duda incluía um encontro com Zelensky na terça-feira à margem da Assembleia-Geral em Nova Iorque, mas foi cancelado, oficialmente por falta de tempo.
Já hoje a diplomacia ucraniana apelou à Polónia para "deixar a emoção de lado" e adotar uma abordagem construtiva na disputa sobre as exportações de cereais entre os dois vizinhos que são aliados na guerra contra a Rússia desde a invasão da Ucrânia em fevereiro do ano passado.
"Apelamos aos nossos amigos polacos para que deixem as emoções de lado", escreveu o porta-voz diplomático ucraniano, Oleg Nikolenko, no Facebook.
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