A aparição de Garland perante o comité judiciário da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) foi a primeira em dois anos e ocorreu num momento sem precedentes na história do Departamento da Justiça.
O procurador-geral norte-americano está a supervisionar dois processos contra o republicano Donald Trump, o primeiro ex-presidente a enfrentar acusações criminais, e outro contra Hunter Biden, filho do presidente democrata em exercício.
Os republicanos no comité, liderados pelo presidente Jim Jordan, acusaram o Departamento de Justiça de favorecer a família Biden, enquanto tem como alvo o seu provável opositor nas presidenciais de 2024, Donald Trump.
"Há uma investigação que protege o presidente Biden. Há outra a atacar o presidente Trump. O Departamento de Justiça cobre os dois lados da equação", frisou Jordan, citado pela agência Associated Press (AP).
Garland procurou defender a maior agência de aplicação da lei do país, com mais de 115.000 funcionários, numa altura em que as ameaças políticas e físicas contra agentes e as suas famílias estão a aumentar.
"O nosso trabalho não é receber ordens do presidente, do Congresso ou de qualquer outra pessoa sobre quem ou o que investigar criminalmente. Não sou advogado do presidente. Acrescentarei também que não sou procurador do Congresso. O Departamento de Justiça trabalha para o povo americano", apontou.
As questões dos republicanos centraram-se nas alegações de que o Departamento de Justiça interferiu no caso de Hunter Biden, que já durava há anos, e que o procurador encarregado desse caso não tinha toda a autoridade necessária para apresentar as acusações necessárias.
Garland reagiu repetidamente que manteve propositalmente os detalhes da investigação à distância, para cumprir sua promessa de não interferir.
Os republicanos, liderados pelo presidente da câmara baixa, Kevin McCarthy, avançaram na semana passada com um inquérito de destituição do presidente Joe Biden, que tem primeira audiência marcada para 28 de setembro.
A audiência deverá centrar-se em "questões constitucionais e legais" que rodeiam as alegações de envolvimento de Biden nos negócios do filho Hunter fora dos Estados Unidos, de acordo com um porta-voz do comité de supervisão da Câmara dos Representes (câmara baixa).
Os republicanos defenderam nas últimas semanas que as ações de Biden desde que era vice-presidente mostram uma "cultura de corrupção" e que o filho utilizou a "marca Biden" para promover negócios com clientes estrangeiros.
A Casa Branca classificou o inquérito de destituição como infundado e tem procurado concentrar o diálogo na política.
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