Num comunicado divulgada no respetivo portal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros azeri afirmou que as palavras de Borrell "são totalmente inadequadas".
Por outro lado, o Governo de Baku criticou o facto de o bloco europeu "ter sempre evitado condenar os quase 30 anos de ocupação militar arménia do Azerbaijão de territórios soberanos do país, a limpeza étnica e os crimes contra a humanidade contra os azeris".
"[A UE] nunca aplaudiu as ações do Azerbaijão para alcançar a paz e a estabilidade na região após a guerra de 2020", acrescentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão, que sublinhou que "assumir esta posição tendenciosa em relação a declarações ameaçadoras é negativo para a paz na região".
"Lembramos mais uma vez que as medidas legítimas do Azerbaijão para eliminar as forças militares arménias ilegais nos seus territórios soberanos visavam evitar novas provocações e ataques e que as alegações de que as medidas antiterroristas do Azerbaijão eram dirigidas contra a população arménia foram negadas até pelo primeiro-ministro arménio [Nikol Pashynian] no seu discurso à nação, a 21 de setembro", argumentou.
A "indiferença" da UE face às "discussões construtivas" realizadas na quinta-feira na cidade azeri de Yevlax entre as autoridades azeris e os representantes da comunidade arménia do Nagorno-Karabakh, que se centraram na reintegração do território e nos trabalhos de reconstrução da região, "mostra uma vez mais os objetivos políticos limitados de certos círculos" do bloco europeu.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros azeri também se comprometeu a "prestar toda a assistência necessária aos arménios" que vivem na região e sublinhou que "qualquer interferência nas ações [de Baku] a este respeito seria contraproducente e fútil", na sequência de relatos de uma deterioração da situação humanitária na zona após meses de bloqueio do corredor de Latchine.
"O Azerbaijão está empenhado na paz e na estabilidade com a Arménia e esperamos que as medidas azeris para eliminar o regime fantoche e os restos dos destacamentos militares arménios ilegais tenham um impacto positivo na obtenção de um acordo de paz com a Arménia", reiterou.
Baku respondeu às declarações de Borrell na proferidas quinta-feira, quando o chefe da diplomacia europeia advertiu o Azerbaijão de que a UE "tomará medidas" se a situação no Nagorno-Karabakh se deteriorar, insistindo no cumprimento do cessar-fogo acordado na véspera após uma ofensiva militar de um dia contra a região.
Borrell também expressou a "condenação pela UE das operações militares do Azerbaijão contra a população arménia em Nagorno-Karabakh" e lamentou "as baixas causadas por esta escalada", depois de as autoridades regionais terem calculado o número de mortos da ofensiva em cerca de 200.
"O Azerbaijão tem a responsabilidade de garantir os direitos e a segurança dos arménios de Nagorno-Karabakh, incluindo o direito de viverem nas suas casas sem intimidação e discriminação. A deslocação forçada da população civil por meios militares ou outros será objeto de uma resposta firme por parte da UE", afirmou Borrell, que sublinhou que "a UE está pronta a tomar medidas adequadas caso a situação se deteriore ainda mais".
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