Azerbaijão acusa Borrell de "distorcer deliberadamente" situação

O Governo do Azerbaijão acusou hoje o alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, de "distorcer deliberadamente a situação no terreno" com as últimas declarações que fez sobre o conflito do Nagorno-Karabakh.

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© Thierry Monasse/Getty Images

Lusa
22/09/2023 12:12 ‧ 22/09/2023 por Lusa

Mundo

Nagorno-Karabakh

 

Num comunicado divulgada no respetivo portal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros azeri afirmou que as palavras de Borrell "são totalmente inadequadas".

Por outro lado, o Governo de Baku criticou o facto de o bloco europeu "ter sempre evitado condenar os quase 30 anos de ocupação militar arménia do Azerbaijão de territórios soberanos do país, a limpeza étnica e os crimes contra a humanidade contra os azeris".

"[A UE] nunca aplaudiu as ações do Azerbaijão para alcançar a paz e a estabilidade na região após a guerra de 2020", acrescentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão, que sublinhou que "assumir esta posição tendenciosa em relação a declarações ameaçadoras é negativo para a paz na região".

"Lembramos mais uma vez que as medidas legítimas do Azerbaijão para eliminar as forças militares arménias ilegais nos seus territórios soberanos visavam evitar novas provocações e ataques e que as alegações de que as medidas antiterroristas do Azerbaijão eram dirigidas contra a população arménia foram negadas até pelo primeiro-ministro arménio [Nikol Pashynian] no seu discurso à nação, a 21 de setembro", argumentou.

A "indiferença" da UE face às "discussões construtivas" realizadas na quinta-feira na cidade azeri de Yevlax entre as autoridades azeris e os representantes da comunidade arménia do Nagorno-Karabakh, que se centraram na reintegração do território e nos trabalhos de reconstrução da região, "mostra uma vez mais os objetivos políticos limitados de certos círculos" do bloco europeu.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros azeri também se comprometeu a "prestar toda a assistência necessária aos arménios" que vivem na região e sublinhou que "qualquer interferência nas ações [de Baku] a este respeito seria contraproducente e fútil", na sequência de relatos de uma deterioração da situação humanitária na zona após meses de bloqueio do corredor de Latchine.

"O Azerbaijão está empenhado na paz e na estabilidade com a Arménia e esperamos que as medidas azeris para eliminar o regime fantoche e os restos dos destacamentos militares arménios ilegais tenham um impacto positivo na obtenção de um acordo de paz com a Arménia", reiterou.

Baku respondeu às declarações de Borrell na proferidas quinta-feira, quando o chefe da diplomacia europeia advertiu o Azerbaijão de que a UE "tomará medidas" se a situação no Nagorno-Karabakh se deteriorar, insistindo no cumprimento do cessar-fogo acordado na véspera após uma ofensiva militar de um dia contra a região.

Borrell também expressou a "condenação pela UE das operações militares do Azerbaijão contra a população arménia em Nagorno-Karabakh" e lamentou "as baixas causadas por esta escalada", depois de as autoridades regionais terem calculado o número de mortos da ofensiva em cerca de 200.

"O Azerbaijão tem a responsabilidade de garantir os direitos e a segurança dos arménios de Nagorno-Karabakh, incluindo o direito de viverem nas suas casas sem intimidação e discriminação. A deslocação forçada da população civil por meios militares ou outros será objeto de uma resposta firme por parte da UE", afirmou Borrell, que sublinhou que "a UE está pronta a tomar medidas adequadas caso a situação se deteriore ainda mais".

Leia Também: UE avisa Azerbaijão que terá "resposta" com agravamento no Nagorno-Karabakh

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