Radicais republicanos dos EUA querem substituir 'speaker' no Congresso

O líder da maioria republicana da Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, anunciou um processo de destituição contra o presidente Joe Biden, mas enfrentou a ira da ala radical do Partido Republicano, que o quer substituir.

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Lusa
25/09/2023 08:31 ‧ 25/09/2023 por Lusa

Mundo

Kevin McCarthy

McCarthy teve uma eleição difícil para o lugar de 'speaker' da Câmara de Representante, quando apenas conseguiu ser escolhido depois de várias rondas de votação e depois de ter feitos muitas promessas e cedências à ala mais radical de extrema-direita do partido.

Essa ala - próxima do ex-presidente Donald Trump e que acredita que nunca aceitou como válida a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020 -- mostrou muita resistência na escolha de McCarthy, apesar de este congressista ser quase consensual no resto da bancada republicana da Câmara de Representantes, obrigando-o a prometer que se demitiria se não cumprisse um exigente caderno de encargos políticos.

A ala radical consegui mesmo que McCarthy aceitasse uma cláusula segundo a qual, a qualquer momento, um qualquer membro, pode pedir uma votação para o remover o cargo, se não estiver satisfeito com o desempenho do 'speaker'.

Meses depois, McCarthy viu-se debaixo de intensa crítica por parte dos radicais Republicanos quando aceitou aprovar no Congresso um plano orçamental dos Democratas para evitar o colapso financeiro do Governo, em junho passado.

Nessa altura, para se manter no cargo, McCarthy prometeu que seria mais exigente na vigilância à Casa Branca e que tudo faria para iniciar um processo de destituição de Biden, que nessa altura estava já sob suspeita de envolvimento nos nebulosos negócios no estrangeiro do seu filho Hunter.

Este mês, logo na reabertura do Congresso, o líder da maioria republicana anunciou que a sua bancada iria lançar um processo de destituição do Presidente, alegando que "ele mentiu sobre o conhecimento que teria a propósito dos negócios da sua família no estrangeiro".

McCarthy não escondeu que tomava essa decisão com reservas, concordando com membros do seu partido de que as provas contra o Presidente eram escassas e pouco fundamentadas.

Até agora, os republicanos apenas têm o registo de algumas conversas telefónicas em que Biden, na altura vice-Presidente de Barack Obama, cumprimentava cordialmente alguns empresários que tinham ligações ao seu filho Hunter, que procurava desenvolver negócios no leste da Europa, em particular na Ucrânia.

Com este processo de destituição, McCarthy procurou apaziguar as suas relações com a ala radical do seu partido, dando-lhes a arma política que Donald Trump vinha pedindo com insistência, para tentar fragilizar a recandidatura democrata nas próximas eleições presidenciais.

Ainda assim, McCarthy deixou a entender que apenas avançaria com este processo de destituição com a aprovação de uma maioria confortável na Câmara de Representantes, nunca com os votos exclusivos dos republicanos.

Esta decisão não agradou aos membros mais radicais, próximos de Trump, como é o caso de Matt Gaetz, eleito pela Florida e um dos mais fervorosos adeptos do ex-Presidente, que já anunciou que pedirá o afastamento de McCarthy se este não avançar com o processo de destituição a Biden mesmo com uma maioria simples na Câmara.

Também não está a agradar ao partido o facto de McCarthy não estar a encontrar um plano exequível que evite uma nova paralisação orçamental do Governo sem fazer cedências às ambições despesistas dos Democratas na Casa Branca.

Para já, o 'speaker' Republicano conseguiu negociar um pacote financeiro que permite ganhar algum tempo nesta matéria, cerca de um mês, numa iniciativa que foi aceite pela ala radical e pelos conservadores moderados, mas que pode não servir os Democratas.

Por isso, McCarthy poderá vir a enfrentar o desafio de ter de ver o seu lugar de líder da maioria questionado e mesmo colocado a novas votações, se não conseguir o difícil equilíbrio de agradar a várias partes conflituantes.

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