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Peritos de 20 países iniciam debate de estratégias para literacia do Oceano

Especialistas de duas dezenas de países, Portugal incluído, reúnem-se a partir de quarta-feira em Itália para definir estratégias de promoção internacional da literacia do Oceano, podendo uma delas ser "a introdução do Oceano no currículo escolar".

Peritos de 20 países iniciam debate de estratégias para literacia do Oceano
Notícias ao Minuto

07:31 - 02/10/23 por Lusa

Mundo Oceano

Em declarações à Lusa, Raquel Costa, geóloga marinha que de Portugal integra o "think tank", explicou que uma das estratégias de que mais se tem falado é a introdução do Oceano no currículo escolar, a nível mundial, o que não é fácil, mas seria "um grande feito".

Outro dos objetivos, explicou, "é mostrar aos decisores políticos a importância da literacia e do seu financiamento", defendendo que a literacia tem sido sempre o parente mais pobre nas questões ligadas aos oceanos, que vem por arrasto quando se financiam projetos.

O grupo de 20 especialistas deverá desenvolver um plano de ação para promover a literacia para os próximos quatro anos, identificando áreas de intervenção prioritárias e formas de seguir o progresso dessas intervenções.

O "laboratório de ideias" surge no âmbito da Década das Nações Unidas das Ciências do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030) e é promovido pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO.

Liderado por Francesa Santoro, da COI/UNESCO e responsável pelo programa global de Literacia do Oceano, o grupo tem especialistas em diferentes áreas e vai de artistas a cientistas.

Raquel Costa é educadora marinha e coordenadora nacional da Rede Escola Azul do Atlântico, que junta quase uma dezena de países ligados ao oceano Atlântico.

O objetivo do grupo é "contribuir para a cooperação internacional e promoção da Literacia do Oceano em todas as partes do mundo, através da partilha de conhecimentos, técnicas e projetos de diferentes setores", explica num comunicado a COI-UNESCO, segundo o qual a primeira reunião dos especialistas acontece em Veneza na quarta e na quinta-feira.

"A Literacia do Oceano considera as relações entre o oceano e os demais aspetos da vida na Terra e catalisa ações para proteger, conservar e usar o oceano de forma sustentável, envolvendo a sociedade como um todo", explica Francesca Santoro no comunicado.

Nas declarações à Lusa, Raquel Costa lamentou que a literacia do Oceanos não tenha sido até agora considerada muito importante, como outros temas como a economia azul, a biodiversidade ou o lixo marinho, salientando o esforço da COI/UNESCO, no âmbito da década dos oceanos, de colocar o tema ao lado dos outros.

Raquel Costa, cuja participação no grupo foi proposta pela COI/UNESCO de Portugal, disse, quando questionada pela Lusa, que não há, em Portugal e em muitos outros países, falta de conhecimento sobre os oceanos, as sua importância, problemas e formas de os resolver.

Mas, acrescentou, "transformar esse conhecimento em mudanças de atitudes e comportamentos é outra questão". Porque não basta saber mais, é preciso saber discutir, tomar decisões e mudar comportamentos em prol da sustentabilidade. E porque em 20 anos viram-se poucas mudanças na sociedade em geral.

Nestas matérias, nas palavras da especialista, há muitas "cops" (conferências das partes das Nações Unidas), reuniões, cimeiras...

"A política é importantíssima. Mas falamos, falamos, e depois? Acontece o quê? Pouco. Por isso é que eu acho que a intervenção da literacia é importante, porque é ir ao fundo, ir ao âmago da questão, à mudança".

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