Sobreviveu, mas perdeu família em fogo de Múrcia. "Fui pedir uma bebida"

Homem sobreviveu, mas perdeu a família no incêndio que devastou um espaço de discotecas em Múrcia.

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© JOSE JORDAN/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
02/10/2023 11:16 ‧ 02/10/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Espanha

Um homem, que sobreviveu ao incêndio que devastou uma área de discotecas, na zona de Múrcia, em Espanha, provocando pelo menos 13 mortos, lembrou a tragédia e revelou que se salvou "por ir pedir uma bebida".

Em declarações ao diário espanhol ABC, Walter, natural da Nicarágua, contou que estava no local para comemorar o aniversário do primo, Erik, e que tanto o familiar, como a namorada, uma tia e outro primo ficaram presos no segundo piso do espaço, com vários amigos.

"Descobri quando voltei para casa", contou.

Walter lembrou que a noite começou num restaurante, com cerca de 30 pessoas, a maioria nicaraguenses, mas também equatorianos e bolivianos.

"Estava tudo ótimo... Quando terminámos fomos beber um copo", disse, explicando que, algumas dessas 30 pessoas foram para casa após o jantar.

"Por volta das cinco horas, não sei muito bem que horas eram, não sobrou álcool e um amigo e eu descemos ao primeiro andar para pedir uma cachaça com gelo. Ficámos no final do bar. Um pouco mais abaixo havia um duto de ar (...) Primeiro começou a sair uma densa fumaça preta que cheirava a borracha queimada. Segundos depois vimos uma primeira chama e então o pânico irrompeu. Tudo começou a arder", recordou.

A partir daí, tudo aconteceu "muito rápido". O lugar "começou a ficar vazio e a luz apagou-se". "O meu amigo e eu pudemos sair e vimos algumas pessoas, incluindo outro primo meu, Jordan, então pensei que felizmente todos estavam seguros, não me preocupei. Alguns clientes foram para casa e outros ficaram mais curiosos a ver como funcionavam os bombeiros... Saí sem saber nada da tragédia", afirmou.

Ao saber do desaparecimento dos familiares, e sem conseguir contactá-los, Walter regressou ao local, onde se dirigiu ao espaço criado para as famílias, e onde estava a ser prestado apoio psicológico.

"A Polícia informou-nos enquanto retirava os corpos, mas não nos disse quem eram as vítimas. Também não sabíamos os nomes daqueles que foram levados aos hospitais intoxicados pelo fumo. Os agentes pediram-nos que lhes déssemos as escovas de dente dos desaparecidos, as suas roupas, qualquer coisa da qual pudessem extrair amostras. Porque os corpos estão em muito mau estado e identificá-los vai ser complicado", frisou.

"Um dos meus amigos e eu só nos salvamos porque fomos ao bar pedir uma bebida", relatou.

Recorde-se que as autoridades espanholas ainda só conseguiram identificar três das 13 vítimas mortais do incêndio. De acordo com a imprensa local, as vítimas foram identificadas através de impressão digital. Quatro de cinco pessoas desaparecidas após o incêndio já foram localizadas.

O incêndio, declarado cerca das 6 horas [hora local, mais uma do em que Portugal continental], começou numa discoteca e alastrou-se a outros estabelecimentos adjacentes. Os bombeiros conseguiram apagar o fogo por volta das 8 horas.

A Câmara Municipal de Múrcia já declarou três dias de luto.

Trata-se do incêndio mais mortífero registado em Espanha num local de lazer, desde a tragédia vivida em 1990 na discoteca 'Flying', em Saragoça, onde morreram 43 pessoas.

Leia Também: Localizadas com vida 4 das 5 pessoas desaparecidas após fogo em Múrcia

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