"O Sudão e o Irão decidiram retomar as relações diplomáticas de uma forma que serve os interesses dos dois países, na sequência de vários contactos de alto nível ao longo dos últimos meses", declarou o departamento sudanês em comunicado, quando, em contexto internacional as tensões entre Israel a Faixa de Gaza, apoiada por Teerão, aumentaram exponencialmente.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros sudanês disse que começaram os preparativos para a reabertura "em breve" das embaixadas nos dois países e para uma troca de "missões oficiais para explorar formas de desenvolver a cooperação".
A nota refere que os dois países restabeleceram relações "com base no respeito mútuo pela soberania, interesses comuns e coexistência pacífica", concordando também em "expandir a cooperação em vários setores", sem dar mais detalhes.
O Sudão cortou relações com o Irão em 2016, na sequência do ataque à embaixada saudita em Teerão por manifestantes iranianos que protestavam contra a execução de um clérigo xiita na Arábia Saudita.
O Governo sudanês do então presidente Omar al-Bashir afirmou que não aceitava preconceitos contra "o território das duas mesquitas sagradas" e tomou uma posição em defesa do reino saudita após o ataque, cortando relações com o Irão.
O Sudão e o Irão têm estado envolvidos numa lenta aproximação que começou após o golpe de Estado feito pelo exército sudanês em 2021 e que se intensificou nos últimos meses, especialmente desde o início do conflito interno em território sudanês em abril.
Desde então, os chefes militares no poder no Sudão iniciaram uma campanha diplomática para procurar apoio no Médio Oriente, a fim de facilitar a transição após o fim dos combates.
No início de julho, o Ministro dos Negócios Estrangeiros sudanês, Ali Al Sadeq, e o seu homólogo iraniano, Hossein Amir Abdollahian, encontraram-se à margem da reunião dos Ministros do Movimento dos Não-Alinhados em Baku, no Azerbaijão, para restabelecerem relações.
O anúncio surge num momento de grande tensão no Médio Oriente devido à intensificação da guerra entre o grupo islamita palestiniano Hamas e Israel.
O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que baptizou como "Espadas de Ferro".
Os ataques e a resposta militar fizeram mais de 1.000 mortos e também mais de 1.000 feridos.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas.
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