"Israel tem o direito de se defender, mas tem de o fazer de acordo com a lei internacional, com os direitos humanos, e algumas decisões que tomou vão contra essa lei internacional que tem de respeitar", sustentou Borrell, em conferência de imprensa, depois de uma reunião extraordinária de emergência dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) em Mascate, Omã, convocada após o ataque do grupo islâmico palestiniano Hamas contra Israel.
Josep Borrell aconselhou ainda à distinção entre a população palestiniana e os elementos que pertencem ao Hamas, organização considerada terrorista pela UE: "É injusto e contraprodutivo."
O alto-representante da UE para os Negócios Estrangeiros apenas aceitou duas questões colocadas pela comunicação social e não houve disponibilidade para os jornalistas que acompanhavam a conferência de imprensa à distância (a maioria) colocarem as questões que tinham, apesar de terem feito esse pedido junto da equipa de Josep Borrell.
Depois do incidente de segunda-feira que envolveu o comissário europeu para a Política de Vizinhança e Alargamento, Oliver Varhelyi -- que anunciou na rede social X (antigo Twitter) a suspensão de todos os apoios económico-financeiros à população palestiniana, informação que chegou a ser validada pelos porta-vozes da Comissão Europeia, mas ao final do dia contrariada pela própria Comissão e pelo comissário para a Gestão de Crises - Josep Borrell referiu hoje que o assunto foi abordado pelos 27 do bloco e que a maioria estava contra a suspensão de quaisquer apoios.
E à semelhança do que esclareceu a Comissão, indicou Borrell, a revisão dos apoios "não inclui a ajuda humanitária".
"Se for necessário fazer uma revisão para certificarmo-nos de que não há desvio de dinheiro, então que se faça", prosseguiu.
O chefe da diplomacia europeia acrescentou que a UE -- que defende a chamada "solução dos dois Estados" -- está resoluta na "condenação do ataque terrorista, de qualquer ataque contra civis", mas também condena "qualquer bloqueio de eletricidade, água e comida à população de Gaza", advogando que as autoridades israelitas têm de "deixar sair as pessoas que estão a tentar fugir de Gaza".
Bloquear completamente Gaza "era o melhor presente que se podia dar ao Hamas" e é contrário "aos interesses da paz", completou.
O grupo islâmico palestiniano Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que batizou como "Espadas de Ferro".
Durante a incursão em território israelita, o Hamas fez mais de uma centena de reféns, civis e militares, que levou para a Faixa de Gaza.
A resposta militar de Israel, que declarou guerra ao Hamas após o ataque, causou a morte de mais de 800 pessoas em Gaza, de acordo com os balanços mais recentes.
Do lado israelita, uma alta patente militar avançou que o número de mortos ultrapassou os mil.
Sob controlo do Hamas, Gaza é um território com 41 quilómetros de comprimento e 10 quilómetros de largura, situado entre Israel, o Egito e o Mar Mediterrâneo.
O enclave tem cerca de 2,3 milhões de habitantes e está sob bloqueio israelita desde 2007.
[Notícia atualizada às 19h32]
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