A empresa pública responsável pelo setor fez saber, num comunicado assinado pelo diretor-geral, Vasco Santos, que "o fornecimento de energia elétrica foi interrompido pelas 00:30" e que "tal deveu-se à suspensão da produção por parte da única fonte de energia, a Karpower, por atrasos nos pagamentos".
A Karpower é a empresa turca proprietária do barco que abastece Bissau de energia elétrica e reclama do Governo guineense uma dívida de cerca de 17 milhões de dólares (15,8 milhões de euros, ao câmbio atual).
"Não obstante estar em curso um avultado pagamento, do qual a Karpower está informada e conhecedora da evolução, não tiveram a disponibilidade para aguardar a conclusão deste processo", refere o diretor-geral da EAGB, no comunicado, onde lamenta "os transtornos causados".
No mesmo documento, o diretor-geral faz "notar que o contrato de fornecimento de energia à Guiné-Bissau é danoso, por ser excessivo, desequilibrado e demasiado oneroso".
"Por outro lado, a insuficiência de receitas, por atrasos no pagamento de muitos clientes, de muitos outros que simplesmente não pagam ou por situações de fraude não detetadas, agravam as dificuldades da tesouraria", acrescenta.
No comunicado, disponível nas redes sociais da empresa pública guineense, lê-se ainda que "todos os esforços estão sendo colocados em prática para acelerar o processo bancário de pagamento".
A empresa fornecedora de energia já tinha ameaçado cortar o fornecimento, mas o Governo anunciou, a 15 de setembro, que tinha negociado um plano de pagamento da dívida e evitado o corte.
"As partes comprometeram-se estabelecer um plano de pagamento de faturas em atraso e a Karpower prometeu continuar a fornecer a energia", informou na altura o Ministério das Finanças, sem avançar pormenores sobre o referido plano.
O Governo da Guiné-Bissau atribuiu a fatura em dívida a uma adenda ao contrato inicial com a empresa turca, que quase duplica a quantidade de energia fornecida a Bissau, de 17 megawatts para 30 megawatts mensais.
Segundo alega, o gasto "nunca ultrapassa os 22 mensais", o que significa que o país "está a pagar cerca de oito todos os meses, que é faturado e não é consumido".
O novo Governo, que tomou posse em agosto, quer a "renegociação do contrato" e transmitiu esta condição na reunião com a empresa fornecedora de energia, garantindo, no entanto assumir "as responsabilidades com as dívidas encontradas".
A empresa turca Karpower assinou em 2018 um contrato com o Governo da Guiné-Bissau, através do qual fornece energia elétrica à capital do país e arredores, a partir de um navio que se encontra ao largo da cidade de Bissau.
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