"Demos um passo sólido que abre caminho para recuperarmos a nossa confiança na votação", disse aos jornalistas o chefe da delegação da opositora Plataforma Unitária Democrática.
Segundo Gerardo Blyde, os acordos refletem ainda o "compromisso assumido" pela oposição, desde que se iniciou o processo de negociação "com o objetivo principal de pôr termo ao sofrimento do povo venezuelano".
"Estamos a atravessar a pior crise social, política e económica da nossa história, e os venezuelanos precisam destes acordos não só para atingir objetivos políticos, mas também para nos permitir recuperar as nossas instituições, a nossa economia, criar oportunidades para que cada venezuelano possa ter uma vida digna com a sua família e um futuro para os nossos filhos crescerem na Venezuela", disse.
Entretanto, em um comunicado divulgado em Caracas, Gerardo Blyde explicou que "a paciência e luta constantes, dos venezuelanos e aliados na comunidade internacional, permitiram dar um primeiro passo para cria uma via para um processo eleitoral com garantias concretas e, assim, conseguir uma mudança política".
Segundo Blyde, os acordos incluem "garantias para que os processos de seleção interna" dos candidatos opositores "vão ser respeitados, especialmente tendo em vista as primárias" previstas para 22 de outubro, mas é também "uma via para que os 'inabilitados' [desqualificados pelas autoridades] e os partidos políticos recuperem rapidamente os seus direitos".
A oposição disse ainda que os acordos incluem "a observação eleitoral qualificada da União Europeia, do Centro Carter e do painel de peritos das Nações Unidas, entre outros" e a definição de um calendário eleitoral para as eleições presidenciais, que se realizarão no segundo semestre de 2024.
A depuração e atualização do Registo Eleitoral, incluindo os venezuelanos no estrangeiro, auditorias, o acesso de todos os candidatos aos meios de comunicação social, o pleno respeito pela liberdade de expressão na imprensa nacional e internacional e um mecanismo de verificação e controlo para garantir o cumprimento dos acordos, são outros assuntos que a oposição destaca dos acordos.
"É mais um passo no caminho, um passo importante. Todos nós, venezuelanos, que aspiramos e queremos a mudança, devemos contribuir para a materialização [dos acordos] e estar juntos, todos, em cada assembleia de voto, em cada vila e em cada cidade do país, observando, vigilantes, para garantir que a vontade de cada um de nós seja respeitada e cumprida", explica-se no comunicado.
A oposição afirmou ainda que os acordos são "a via para alcançar o bem-estar do povo venezuelano, uma democracia inclusiva e uma cultura de tolerância e coexistência política, bem como algo fundamental (...): o respeito pelos direitos humanos".
O governo do presidente, Nicolás Maduro, e a opositora Plataforma Unitária Democrática retomaram terça-feira as negociações em Bridgetown, Barbados, na presença do ministro de Exteriores de Barbados, Jerome Walcott, de representantes do país intermediador, a Noruega, e de países acompanhantes, Países Baixos, Rússia, México, Colômbia e Brasil.
Após o primeiro dia de negociações, ambas delegações assinaram um acordo sobre a promoção de direitos políticos e garantias eleitorais para todos, com vista às presidenciais previstas para o segundo semestre de 2024.
Os presidentes das delegações que representam o governo, Jorge Rodriguez, e a oposição, Gerardo Blyde, assinaram ainda um outro para a proteção dos interesses vitais da nação.
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