A Rússia e a China "aspiram a uma cooperação igualitária e mutuamente benéfica", que inclui o "respeito pela diversidade civilizacional e o direito de cada Estado ao seu próprio modelo de desenvolvimento", afirmou o líder russo, na cerimónia de abertura do 3.º Fórum da Iniciativa Faixa e Rota, que celebra dez anos.
Putin falou depois do presidente chinês, Xi Jinping, que deu as boas-vindas a uma centena de delegações oriundas sobretudo dos países em desenvolvimento. Xi elogiou a iniciativa por proporcionar um modelo de desenvolvimento alternativo para o mundo, afirmando que o programa chinês "estabeleceu um novo quadro para a cooperação internacional".
A cerimónia decorreu no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, situada no centro de Pequim.
No âmbito da Faixa e Rota, as empresas chinesas construíram portos, estradas, linhas ferroviárias ou centrais elétricas em todo o mundo, financiadas por bancos de desenvolvimento chineses. A China é agora o maior credor internacional do mundo, mas o gigantesco programa internacional de infraestruturas enfrenta desafios suscitados pelo excesso de endividamento em alguns países e projetos comercialmente inviáveis, alguns dos quais ficaram por terminar, devido a falta de liquidez.
"Estamos satisfeitos com o sucesso desta iniciativa, que é capaz de ligar e integrar várias regiões", afirmou Putin.
O líder russo, que vai reunir hoje com o homólogo chinês, sublinhou a "importância da coordenação com a China" em questões como a logística e a conetividade, e mostrou "esperança" de que o projeto de Pequim traga "soluções coletivas" para os "problemas relevantes" que o mundo enfrenta.
"Quando começamos algo grande, esperamos que seja bem-sucedido. Tendo em conta a escala global do projeto iniciado por Xi há dez anos, seria de esperar que algo não corresse bem. Mas a China conseguiu fazê-lo e estamos satisfeitos por ver que a iniciativa está a ser bem-sucedida", disse Putin.
O governante acrescentou que a Faixa e Rota se trata de "um plano global" que "respeita a diversidade cultural e todos os modelos de desenvolvimento" e que está a acelerar a "integração de várias regiões, como a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) com a União Económica Eurasiática (UEE)".
"Esperamos que estas rotas tragam realmente soluções coletivas e eficazes para os problemas internacionais relevantes", realçou.
O líder russo sublinhou a conetividade, que é "importante para todos, para criar novos nós logísticos e para ter corredores que ofereçam diversificação nas cadeias de abastecimento", disse.
Putin chegou na terça-feira à capital chinesa apesar do mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra este, pela deportação ilegal de crianças ucranianas, e espera-se que reúna hoje com Xi para discutir o conflito israelo-palestiniano ou a ofensiva da Rússia na Ucrânia, sobre a qual a China tem mantido uma posição ambígua.
A China tem servido como 'tábua de salvamento' de Moscovo, após a invasão da Ucrânia. O país asiático é agora o principal parceiro comercial e aliado diplomático da Rússia.
O líder russo viajou para a China com uma grande delegação de altos funcionários, incluindo dois vice-primeiros-ministros e responsáveis pelos negócios estrangeiros, desenvolvimento económico, transportes ou finanças.
Pequim considera a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, numa altura em que a sua relação com os Estados Unidos atravessa também um período de grande tensão, marcada por disputas em torno do comércio e tecnologia ou diferendos em questões de Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong ou Taiwan e a soberania dos mares do Sul e do Leste da China.
Poucas semanas antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, Putin e Xi declararam, em Pequim, uma amizade "sem limites". A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções internacionais contra Moscovo.
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