O governante falava à imprensa no segundo dia em que a capital do país está sem eletricidade depois da empresa Karpower, dona do barco que produz a energia, ter cortado o fornecimento, às 00:30 de terça-feira, por falta de pagamento.
Em causa está uma dívida de 17 milhões de dólares (15,8 milhões de euros) com a qual o atual Governo, em funções desde agosto, diz ter sido confrontado e que tem estado a negociar, tendo chegado a acordo com a empresa para liquidar 10 milhões de dólares (9,5 milhões de euros).
Depois de feito o acordo, segundo o ministro da Energia, a proprietária do barco exigiu "o pagamento imediato" dos 10 milhões de dólares e o Governo guineense tem estado a negociar com os bancos para juntar o montante em causa.
"Não é fácil arranjar 10 milhões de dólares de um dia para o outro num país como a Guiné-Bissau", referiu.
O ministro afiançou que o Governo pagou até ao dia de ontem (terça-feira) "6,6 milhões de dólares (6,27 milhões de euros)" e falta pagar "3,4 milhões de dólares (3,23 milhões de euros)".
Ainda assim, a empresa exige, segundo disse, uma carta com um plano de pagamento dos 3,4 milhões de dólares e respetivas garantias bancárias para restabelecer a distribuição de energia à população de Bissau.
O ministro indicou que, logo que toda a documentação esteja pronta, a empresa promete retomar o fornecimento de energia, o que pode acontecer ainda hoje.
Apesar de ocorrerem interrupções frequentes no fornecimento de energia de algumas horas, este é o primeiro corte do género desde que Bissau e os arreadores passaram a ser abastecidos pelo barco da empresa turca Karpower, em 2018.
Os geradores, que anteriormente eram a única fonte de energia, têm sido a solução de alguns nos últimos dois dias, mas a maior parte da população está sem energia elétrica.
O primeiro esclarecimento sobre o apagão foi dado, poucas horas depois do início, pela empresa pública Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB), que gere estes serviços básicos.
Na terça-feira, o ministro das Finanças, Suleimane Seide, reuniu-se com os responsáveis pela empresa turca Karpower, que produz a energia no barco, mas a reunião terminou sem uma data para a população voltar a ter luz.
Na conferência de imprensa de hoje, o ministro da Energia indicou que a retoma do fornecimento está dependente de a empresa entender que tem as garantias necessárias para reaver o remanescente da dívida.
O Governo da Guiné-Bissau anunciou, a 15 de setembro, que tinha negociado um plano de pagamento da dívida de eletricidade e evitado o corte, depois de a empresa ter ameaçado interromper o fornecimento, que agora se concretizou.
O atual executivo atribui a fatura em dívida ao Governo anterior e, concretamente, a uma adenda ao contrato inicial com a Karpower, que quase duplica a quantidade de energia fornecida a Bissau, de 17 megawatts para 30 megawatts mensais.
Segundo alega, o gasto "nunca ultrapassa os 22 [megawatts] mensais", o que significa que o país "está a pagar cerca de oito [megawatts] todos os meses, que é faturado e não é consumido".
O novo Governo quer a "renegociação do contrato" e disse já ter transmitido esta condição à empresa fornecedora de energia.
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