Em comunicado, o TPI assegura que fez "esforços sérios" para enfrentar este ataque, que descreveu como um "grave incidente de segurança cibernética", e garante que "assim que o incidente foi confirmado, foram tomadas medidas para mitigar os seus efeitos" com o apoio dos Países Baixos, país que acolhe a sede da instância judicial.
"As provas disponíveis até ao momento indicam que se tratou de um ataque direcionado e sofisticado com objetivo de espionagem. Portanto, o ataque pode ser interpretado como uma tentativa grave de minar o mandato do Tribunal", refere a nota informativa, citada pelas agências internacionais.
No comunicado, o TPI sublinha que com "as informações atualmente disponíveis", "não pode confirmar quem é o responsável pelo ataque" e explica que as autoridades estão a realizar uma investigação criminal para determinar a autoria e origem do ciberataque.
A instância judicial internacional garante ainda que está a acelerar uma série de medidas destinadas a melhorar a segurança digital, mas antecipa o seu receio de que potenciais atacantes "lancem campanhas de desinformação dirigidas ao TPI e aos seus funcionários", num esforço para manchar a imagem da entidade.
Embora não mencione explicitamente nenhum país, o TPI sublinha que este ciberataque ocorreu num momento de "preocupação com a segurança" dos funcionários judiciais.
Em 17 de março, o TPI emitiu um mandado de detenção internacional contra o Presidente russo, Vladimir Putin, como "supostamente responsável" pela deportação ilegal de crianças e pela sua transferência de áreas ocupadas na Ucrânia para a Rússia, o que constitui um crime de guerra.
Também emitiu outro mandado contra Maria Lvova-Belova, comissária presidencial para os direitos da criança na Rússia, pela mesma acusação.
Em resposta, a Rússia emitiu três mandados de prisão contra funcionários do TPI: o procurador Karim Khan, que investiga alegados crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia, e os juízes Tomoko Akane e Salvatore Aitala, que assinaram os mandados de detenção de Putin e de Lvova-Belova.
Perante a posição de Moscovo, que ameaçou com "a utilização precisa de um míssil hipersónico Onyx lançado por um navio russo do Mar do Norte contra a sede do tribunal em Haia", os países-membros do TPI reafirmaram o seu "apoio inabalável".
Além disso, no ano passado, os serviços de informações dos Países Baixos (AIVD) impediram que um espião russo que trabalhava para o serviço de informações militares russo (GRU) se infiltrasse no TPI como estagiário, utilizando uma falsa identidade brasileira para entrar no país.
A Rússia não ratificou o Estatuto de Roma, o tratado fundador do TPI, pelo que não é membro deste tribunal, nem a Ucrânia, mas Kyiv autorizou a instância a investigar a presumível prática de crimes de guerra no país desde a invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022.
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