Médicos Sem Fronteiras pedem a Israel fim de "banho de sangue" em Gaza

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) nos Territórios Palestinianos Ocupados apelaram ao fim do "banho de sangue" provocado por "bombardeamentos indiscriminados" de Israel na Faixa de Gaza, avançou hoje a agência Europa Press.

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Lusa
27/10/2023 06:45 ‧ 27/10/2023 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

"Temos de parar este banho de sangue, temos de parar os bombardeamentos indiscriminados que Israel está a levar a cabo contra a população civil. Hoje estamos a denunciar que não há um lugar seguro em Gaza, a população não tem para onde ir", disse David Cantero em entrevista.

"A Faixa de Gaza está sob bloqueio há 16 anos e devemos lembrar que a grande maioria da população, entre 70 a 80%, já vivia abaixo do limiar da pobreza antes do início desta guerra, pelo que dependia exclusivamente da ajuda humanitária internacional", acrescentou o coordenador dos MSF nos territórios palestinianos.

Neste sentido, o responsável criticou o "castigo coletivo" que Israel impôs aos palestinianos dentro da faixa, que descreveu como "uma jaula humana".

"É por isso que apelamos a todas as partes em conflito para que parem com este massacre, para que parem com este banho de sangue e para que parem de matar civis inocentes, incluindo mulheres e crianças", insistiu.

A situação dos hospitais no enclave é "completamente catastrófica" e "está à beira do colapso", disse, referindo que poucos hospitais ainda estão a funcionar, como é o caso de Al Awda ou Al Shifa, o maior de Gaza.

"Tivemos testemunhos dos nossos trabalhadores que tiveram de efetuar amputações em crianças nos corredores, no chão e com sedação parcial, com tudo o que isso significa", relatou.

"Sabemos que também estão a racionar a eletricidade e tiveram de desligar algumas incubadoras (...), há poucos dias havia 120 recém-nascidos em incubadoras", disse.

Cantero classificou, por outro lado, o volume de ajuda humanitária que entra na Faixa de Gaza como "ridículo e irrisório", pedindo a entrada "maciça" e "fluida" para ajudar os mais de dois milhões de habitantes do enclave, metade dos quais crianças.

Apelou ainda ao abastecimento de combustível, para que centrais de produção de água potável e hospitais continuem a funcionar.

"Se não chegar combustível, os hospitais vão ser obrigados a desligar as máquinas. Estamos a falar de incubadoras, estamos a falar de bebés, estamos a falar de unidades de cuidados intensivos, estamos a falar de pessoas que estão nos ventiladores", notou.

O coordenador revelou ainda a tarefa "extremamente difícil" de trabalhar em Gaza, uma vez que os funcionários de organizações não-governamentais "estão literalmente a arriscar as suas vidas" pois "não há nenhum lugar seguro em Gaza".

No que diz respeito à Cisjordânia, David Cantero recordou que os MSF têm vindo a alertar "há muito tempo" para o aumento das tensões na zona, e que tanto 2022 como 2023 foram anos recorde em termos de número de mortos, feridos e deslocações forçadas.

 

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