Egito recusa que questão palestiniana seja resolvida "às suas custas"

O primeiro-ministro egípcio, Mustafa Madbuli, rejeitou hoje que a questão palestiniana possa ser resolvida às custas do Egito, referindo-se à pressão israelita para que o Cairo aceite refugiados palestinianos.

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Lusa
31/10/2023 11:24 ‧ 31/10/2023 por Lusa

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"Como disse o Presidente [egípcio] Abdel Fattah Al-Sisi, o Egito não permitirá que nada nos seja imposto ou que casos regionais sejam resolvidos às nossas custas", disse Madbuli, num discurso em Al-Arish, no norte da península do Sinai, próximo da fronteira com Gaza.

Al-Sisi afirmou em várias ocasiões a sua rejeição categórica em relação à pressão israelita para que o Egito aceite refugiados palestinianos ou pessoas deslocadas.

O primeiro-ministro egípcio afirmou ainda que o Cairo ampliará os planos de desenvolvimento e reconstrução no deserto do Sinai, com milhares de milhões de libras egípcias nos próximos anos "para que ninguém sonhe que o Egito abandonará o Sinai".

Entre outros planos, destacou que o Governo egípcio vai começar "a partir de amanhã" uma iniciativa que inclui a construção de uma "linha ferroviária de 500 quilómetros", uma rede de estradas, corredores logísticos, ampliação e modernização do aeroporto e do porto de Al-Arish, que vai se tornar um "porto mundial", entre inúmeros outros projetos turísticos, de desenvolvimento económico e social.

"O objetivo é ligar o Sinai com [as restantes províncias do Egito] para acabar com o ponto fraco que é o abandono [do planeamento urbano da península] que faz com que outros tenham cobiça" sobre aquele território, disse Madbuli.

"Implementaremos projetos que transformarão esta região, especialmente o norte do Sinai, numa região de atração global que proporcionará milhares de oportunidades de emprego", enfatizou Madbuli.

O primeiro-ministro estimou em 363.000 milhões de libras [cerca de 11.766 milhões de dólares] o valor de um plano de desenvolvimento para o Sinai que afirmou ter sido "encomendado diretamente pelo Presidente Al-Sisi", assegurando que "será colocado em prática principalmente nos próximos dois anos".

Madbuli iniciou hoje esta viagem através do Sinai até a passagem de Rafah, que fica na fronteira com a Faixa de Gaza, quando ocorrem pressões para que o seu país aceite refugiados palestinianos em território egípcio, algo que o Cairo rejeita categoricamente.

Nesta viagem, em que Madbuli é acompanhado por um número pouco habitual de jornalistas, visitou obras de infraestruturas e bases militares no norte do Sinai, uma área normalmente encerrada à imprensa e onde o Egito luta há anos contra grupos terroristas ligados ao 'jihadista' Estado Islâmico (EI).

Os meios de comunicação egípcios mostraram imagens da chegada de Madbuli ao aeroporto da cidade de Al-Arish, onde chega ajuda humanitária para ser transferida à população de Gaza através da passagem de Rafah, a cerca de 40 quilómetros, para aliviar o impacto do cerco e dos bombardeamentos israelitas.

O primeiro-ministro egípcio, acompanhado por uma delegação de deputados, chefes de partidos políticos, líderes da tribo do Sinai e jornalistas egípcios e estrangeiros, iniciou a sua viagem com uma visita à 101.ª brigada do exército egípcio, responsável pelo combate aos grupos terroristas nos últimos anos nessa área.

Leia Também: AO MINUTO: Israel terá detido 8 membros do Hamas (e entrado nos túneis)

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