O procurador-geral junto do Tribunal de Recurso de Niamei, Salissou Chaibou, confirmou a tentativa de fuga, rejeitando a tese dos advogados do ex-presidente de que tudo não passa de uma encenação política.
Em 20 de outubro, advogados do presidente deposto no golpe de Estado de 26 de julho no Níger, Mohamed Bazoum, rejeitaram as acusações dos militares no poder de que este terá tentado uma fuga.
Hoje, Chaibou afirmou que houve de facto um "plano de exfiltração" que o regime militar tinha anunciado em meados de outubro.
"Na noite de 18 para 19 de outubro (o ex-presidente) Bazoum, a sua família, os seus seguranças e os seus cozinheiros, transportando vários pacotes, foram detidos (...) por agentes da guarda presidencial, enquanto se dirigiam para a saída do palácio", denunciou Chaibou.
O procurador acrescentou que um veículo os esperava "com vista a transportá-los para uma casa" num distrito de Niamei, "identificada como pertencente a Mohamed Ben Hamaye, antigo membro da guarda próxima de Bazoum (...) e alegado mentor da operação".
Chaibou informou que "uma busca cuidadosa dos pacotes e uma busca realizada na residência do ex-presidente levaram à descoberta de grandes somas de dinheiro em CFA (francos) e moedas estrangeiras, assim como vários bens preciosos", para além de 10 telemóveis destruídos.
Além disso, Chaibou denunciou que Bazoum cometeu atos de espionagem, com o envio de "informações sobre o dispositivo da guarda presidencial" para agências francesas.
O procurador disse ainda que 23 civis e militares foram detidos em conexão com este caso, lembrando que ainda há uma investigação em curso.
Mohamed Bazoum recusa demitir-se e continua na sua residência presidencial, onde está detido com a mulher e o filho desde o golpe que o derrubou em 26 de julho.
A França tem apoiado o presidente deposto Mohamed Bazoum e, tal como muitos outros países e organizações, tem apelado à sua libertação.
Em 18 de setembro, o presidente deposto apelou aos tribunais da África Ocidental para que o libertassem e para o restabelecimento da ordem constitucional no Níger.
Desde o golpe de Estado, o país tem sido alvo de sanções económicas internacionais e muitos países suspenderam a sua ajuda orçamental.
RJP (NYC) // MAG
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