A primeira-ministra italiana reconheceu na quinta-feira que foi alvo de uma brincadeira de dois comediantes russos que, em setembro, ligaram a Giorgia Meloni e, através de uma chamada falsa, conseguiram que a líder extremista admitisse que há "fadiga" relativamente à guerra na Ucrânia.
A chamada foi levada a cabo por dois comediantes, Vladimir Kuznetsov e Alexei Stolyarov, conhecidos como Vovan e Lexus. Na partida, ambos fingiram ser oficiais da União Africana e Meloni, acreditando neles, disse que "há muita fadiga, para dizer a verdade, de todas as partes".
"Estamos próximos de um momento em que toda a gente percebe que tem de existir uma saída. O problema é encontrar uma saída que seja aceitável para ambos, sem destruir a lei humanitária", afirmou a primeira-ministra ultranacionalista, no poder há pouco mais de um ano.
O áudio da chamada foi divulgado na quarta-feira e foi publicado por órgãos italianos.
O gabinete de Giorgia Meloni, ainda manchado pela polémica em torno do ex-companheiro e jornalista Andrea Giambruno, com quem teve uma relação durante 10 anos, após este ter feito comentários extremamente misóginos num espaço televisivo, reagiu ao incidente com os comediantes russos, garantindo que a primeira-ministra está "arrependida por ter sido enganada por um impostor, que se apresentou como presidente da comissão da União Africana".
A chamada ocorreu no dia 18 de setembro, quando Meloni teve reuniões com líderes africanos e numa altura em que se preparava para discursar na Assembleia Geral da ONU.
Esta não é a primeira vez que o duo Vovan e Lexus interagem diretamente com dirigentes europeus, embora a chamada com Giorgia Meloni tenha sido uma das 'brincadeiras' de maior sucesso.
Em fevereiro, o grupo chegou a conseguir falar com a ex-chanceler alemã, Angela Merkel, fazendo-se passar por Petro Poroshenko, o antigo presidente ucraniano. Os dois são ainda responsáveis por incidentes semelhantes com o presidente francês Emmanuel Macron, com o presidente polaco Andrzej Duda e com o antigo primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
Elton John e Harry, o duque de Sussex, também já foram alvos das chamadas dos grupos.
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