"No OVSP monitorizamos os serviços de eletricidade, gás doméstico, telecomunicações, água e saneamento urbano, (...) a medição do atual trimestre ainda está em curso está em curso, mas as medições dos dois últimos trimestres indicam que o serviço de eletricidade teve um aumento de quase 50% na taxa de falhas ou nos relatos de falhas por parte da população", disse o porta-voz daquela organização não-governamental (ONG) aos jornalistas.
Juan Carlos Rodríguez, engenheiro eletromecânico e especialista em transição energética, explicou ainda que as falhas se registam nos 24 estados da Venezuela, mas que Zúlia, Falcón, Arágua, Vargas, Barinas, Mérida, Trujillo e Táchira são muito afetados.
"O serviço de abastecimento de água é o segundo em termos percentuais, com um aumento de quase 42%" de falhas", afirmou.
Segundo Juan Carlos Rodríguez, o terceiro serviço mais afetado é o das comunicações, porque "ao falhar a eletricidade cai a Internet e todas as comunicações".
A região da capital, disse, é a menos afetada, mas também tem registado um aumento de falhas elétricas em diferentes zonas.
"A capital sempre teve problemas de água devido à questão da pressão dos sistemas de bombagem, mas também aos efeitos do abastecimento de água do sistema de Tuy", frisou, precisando que Zúlia, Falcón, Nova Esparta, Barinas e Arágua estão entre as regiões mais afetadas.
Juan Carlos Rodríguez explicou ainda que a população está na disposição de pagar mais pelo serviço de eletricidade, mas queixa-se muito da qualidade, principalmente devido às flutuações de voltagem e aos danos que isso ocasiona aos equipamentos.
Segundo o OVSP, nos últimos dois trimestres aumentou também a frequência com que é feita a "administração de carga" [racionamento], que nem sempre é anunciada, o que ocasiona preocupação e instabilidade no setor comercial.
Os racionamentos, explicou, aumentaram de duas a seis horas, nalgumas localidades, diariamente.
O OVSP prevê divulgar, nas próximas semanas, um relatório com os dados atualizados.
Em 13 de setembro de 2023 a Venezuela registou pelo menos sete apagões elétricos e quedas da voltagem da energia, num dia, que afetaram pelo menos 19 dos 24 estados do país, incluindo a cidade de Caracas, tida como "zona protegida" pelas autoridades locais.
Segundo a ONG Comité de Afetados por Apagões (CAA), entre janeiro e maio de 2023 a Venezuela registou 31.123 falhas elétricas.
Em 07 de março de 2019, ocorreu o maior 'apagão' da história da Venezuela, quando uma falha na Central Hidroelétrica Simón Bolívar deixou os venezuelanos totalmente às escuras durante cinco dias.
Um ano depois, em 25 de março de 2020, pelo menos 16 estados e parte do Distrito Capital ficaram sem luz.
Em 06 de maio de 2020, 19 dos 24 estados da Venezuela ficaram total ou parcialmente às escuras, numa avaria que afetou também a Internet e as comunicações telefónicas. Treze dias depois, um 'apagão' voltou a deixar a cidade de Caracas e mais de metade do país às escuras.
Em 2021, segundo a CAA foram documentados 12 grandes apagões elétricos nacionais e mais de 178 mil parciais ou regionais.
Ainda segundo a CAA, em 2022 ocorreram 167.618 apagões na Venezuela, que incluem 29.418 falhas elétricas registadas em um mês, em outubro desse ano.
A oposição venezuelana e alguns analistas insistem que algumas das falhas elétricas na Venezuela são provocadas por uma manutenção deficiente e por insuficiente investimento no setor.
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