Desde o ataque sem precedentes contra Israel pelo movimento islamita palestiniano Hamas, organização que é considerada terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, tem-se registado um aumento em massa de violência e dos deslocamentos forçados por forças israelitas e colonos em toda a Cisjordânia, realçou a organização não-governamental (ONG), em comunicado.
"As nossas equipes têm respondido com o atendimento a traumas, apoio à saúde mental e doações essenciais às comunidades deslocadas", frisou a MSF.
Só em Jenin, durante outubro as forças israelitas mataram 30 pessoas e feriram pelo menos outras 162, de acordo com dados das autoridades palestinianas citados pela ONG.
Na província de Hebron, no sul da Cisjordânia, a violência envolvendo forças israelitas e colonos, as deslocações forçadas e as restrições aos movimentos populares tiveram impacto em todos os aspetos da vida quotidiana dos palestinianos, alertou este organismo.
Desde 07 de outubro, pelo menos 111 famílias palestinianas, compreendendo cerca de 905 pessoas, não tiveram outra escolha senão deixar as suas casas na Cisjordânia devido à violência e intimidação por parte das forças e colonos israelitas, segundo a ONU, apontou esta ONG.
Além disso, cerca de 6.000 habitantes de Gaza que tinham empregos em Israel antes da guerra, mas cujas autorizações de trabalho foram entretanto canceladas, encontram-se agora a viver em centros de deslocados em toda a Cisjordânia, de acordo com o Ministério do Trabalho palestiniano, referiu a MSF
De acordo com a ONG, testemunhas relataram que foram espancadas, humilhadas e abusadas enquanto estiveram detidas pelas forças israelitas nas semanas desde 07 de outubro, dia do ataque que motivou a resposta de Israel, que declarou guerra ao Hamas bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Também a Amnistia Internacional (AI) alertou hoje, em comunicado, que as autoridades israelitas "aumentaram o recurso à detenção administrativa de palestinianos em toda a Cisjordânia ocupada".
"Esta é uma forma de detenção arbitrária, sem acusação nem julgamento e que pode ser renovada indefinidamente. Além disto, as autoridades do país alargaram as medidas de emergência que facilitam o tratamento desumano e degradante dos prisioneiros e não investigaram casos de tortura e morte sob custódia nas últimas quatro semanas", sublinhou a AI.
Esta ONG relatou, divulgando dados do Clube dos Prisioneiros Palestinianos, que desde 07 de outubro as forças israelitas detiveram mais de 2.200 palestinianos (homens e mulheres).
Os dados da organização israelita de defesa dos direitos humanos HaMoked revelam que, entre 1 de outubro e 1 de novembro, o número total de palestinianos em detenção administrativa, sem acusação nem julgamento, aumentou de 1.319 para 2.070, apontou ainda.
As autoridades israelitas adiantaram que desde 07 de outubro quatro detidos palestinianos morreram em instalações de detenção israelitas, destacou a AI, referindo que estas mortes ocorreram "em circunstâncias que ainda não foram investigadas de forma imparcial".
A AI revelou também entrevistas de 12 pessoas, incluindo seis reclusos entretanto libertados, três familiares de reclusos e três advogados especializados em direitos humanos a trabalhar com as recentes detenções.
Um detido palestiniano, recentemente libertado, partilhou à AI sob condição de anonimato que foi sujeito por interrogadores israelitas "a espancamentos severos que o deixaram com nódoas negras e três costelas partidas".
Heba Morayef, diretora regional da AI para o Médio Oriente e norte de África, realçou que "as execuções sumárias e a tomada de reféns pelo Hamas e outros grupos armados em 07 de outubro são crimes de guerra e devem ser condenados como tal, mas as autoridades israelitas não devem utilizar estes ataques para justificar os seus próprios ataques ilegais e a punição coletiva de civis na Faixa de Gaza e o recurso à tortura, à detenção arbitrária e a outras violações dos direitos dos prisioneiros palestinianos".
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