Depois de invadir Capitólio, 'Xamã do QAnon' tenta agora ser congressista

Jacob Chansley ficou conhecido pela forma exuberante e errática com que invadiu o edifício do Congresso norte-americano, durante o ataque de 6 de janeiro de 2021, quando era um apoiante fervoroso de Donald Trump e de teorias da conspiração.

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© Win McNamee/Getty Images

Hélio Carvalho
13/11/2023 14:36 ‧ 13/11/2023 por Hélio Carvalho

Mundo

Eleições EUA

A invasão ao Capitólio, no dia 6 de janeiro de 2021, marcou para sempre a política norte-americana e foi o momento alto da polarização promovida por Donald Trump. Milhares de apoiantes do antigo presidente atacaram o assento da democracia dos Estados Unidos, vandalizaram-na e impediram um processo eleitoral. Agora, mais de mil dias depois, um dos seus protagonistas quer voltar lá... de forma oficial.

Jacob Chansley, o motineiro que ficou conhecido como 'Xamã do QAnon', devido aos seus ornamentos e chapéu peludo com chifres, apresentou um plano de candidatura à Câmara dos Representantes, pelo 8.º distrito do estado do Arizona, tornando-se no primeiro condenado pela invasão ao Capitólio a concorrer a um cargo público desde o ataque, explicou a Associated Press.

Chansley, de 35 anos, era um defensor incondicional de Donald Trump, promovendo as várias teorias da conspiração do presidente, especialmente sobre a pandemia e sobre a alegada fraude eleitoral em 2020 (que foi constantemente afastada pelas autoridades oficiais). Entre as várias questões extremistas defendidas, o alegado candidato defendia firmemente o movimento 'QAnon', uma série de teorias da extrema-direita violenta norte-americana que acusavam governantes e celebridades de estarem envolvidos em cultos satânicos e canibalescos e acreditavam que Trump era vítima de conspirações eleitorais.

O homem foi acusado e declarou-se culpado por crimes de obstrução de justiça e de procedimentos eleitorais. Jacob Chansley acabou por ser condenado em novembro de 2021 a cerca de três anos e meio de prisão, mas cumpriu cerca de dois anos e três meses antes de ser transferido para um centro de reabilitação na zona de Phoenix, de onde é natural.

Ao contrário do seu antigo ídolo - desde então, passou a considerar que não é fã do ex-presidente -, Chansley candidatou-se, não pelo Partido Republicano, mas sim pelo Partido Libertário (um partido que defende um Estado quase inexistente e que tem ficado conhecido por divulgar teorias falsas sobre o governo norte-americano), as libertários são oficialmente o terceiro maior partido dos Estados Unidos - embora ser uma terceira via num país dominado pelo sistema bipartidário e pela divisão entre republicanos e democratas seja praticamente impossível.

A Associated Press apontou que, embora a Constituição não proíba condenados de voltar a exercer cargos públicos, o Arizona proíbe-os de votar até completarem a sua sentença.

Se a sua candidatura se consomar, Chansley irá tentar disputar o 8.º distrito do Arizona, que está nas mãos dos republicanos desde 2018. A atual congressista, Debbie Lesko, anunciou que irá reformar no final do mandato.

As próximas eleições estão marcadas para o dia 5 de novembro. Além da disputa pelo poder nas duas câmaras do Congresso norte-americano, estará também em cima da mesa a Casa Branca, sendo que os mais prováveis adversários serão Joe Biden e Donald Trump. 

Além de Jacob Chansley, mais de 700 pessoas foram condenadas por crimes relacionados com a invasão ao Capitólio, no início de 2021,

Leia Também: Capitólio? Aliado de Trump recorre de condenação por obstrução ao poder

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