Os ataques "estão a destruir ainda mais o sistema de saúde de Gaza", disse a organização de defesa dos direitos humanos com sede em Nova Iorque num relatório citado pela agência espanhola EFE.
A HRW apelou ao Governo israelita para que cesse os ataques aos hospitais e defendeu uma investigação por parte do Tribunal Penal Internacional e da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre os territórios palestinianos ocupados.
Israel afirma que o grupo islamita Hamas possui uma rede de túneis e infraestruturas militares por debaixo e à volta dos hospitais da Faixa de Gaza.
Telavive acusou o Hamas na segunda-feira de utilizar o hospital pediátrico de Rantisi para esconder os milicianos que cometeram o atentado de 07 de outubro em Israel e para manter reféns que foram feitos prisioneiros na altura.
O ataque sem precedentes do Hamas provocou 1.200 mortos e desencadeou uma guerra que já matou mais de 11 mil pessoas na Faixa de Gaza, segundo números divulgados pelo grupo islamita, que controla o território desde 2007.
Apesar das alegações israelitas de que o Hamas "faz uma utilização cínica dos hospitais", a HRW considerou que isso não é motivo para "privar os hospitais e as ambulâncias do seu estatuto de proteção ao abrigo do direito humanitário internacional".
A HRW também criticou os 137 ataques contra a estrutura de cuidados de saúde em Gaza até 12 de novembro, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os ataques, segundo a OMS, mataram 521 pessoas, incluindo 16 trabalhadores humanitários, e deixaram cerca de 700 doentes e pessoal ferido.
A HRW também lamentou o cerco israelita quase total ao enclave, que cortou o acesso a água, alimentos, recursos básicos como medicamentos e combustível, deixando os hospitais sem eletricidade por não poderem usar os geradores.
"Dois terços dos centros de cuidados primários de Gaza e metade dos hospitais de Gaza não estão a funcionar, numa altura em que o pessoal médico enfrenta um número sem precedentes de pacientes gravemente feridos", disse.
Os centros de saúde estão sem medicamentos e equipamento básico, obrigando os médicos" a operar sem anestesia e a utilizar vinagre como antissético, denunciou.
A organização mencionou ainda o caso do Hospital al Shifa, o maior de Gaza, onde os recentes ataques, o cerco e o corte de energia levaram à morte de três bebés prematuros e de pelo menos 29 pacientes entre 11 e 13 de novembro.
"Impedir que os civis tenham acesso a artigos essenciais para a sua sobrevivência, como água, alimentos e medicamentos, equivale a uma punição coletiva e é um crime de guerra", acrescentou a HRW.
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