Guerra é contra "a identidade da terra e a identidade do povo", diz Abbas
O Presidente da Autoridade Palestiniana (AP), Mahmoud Abbas, acusou hoje Israel de travar uma guerra contra a existência dos palestinianos, num discurso que assinalou o 35.º aniversário da declaração de independência da Palestina.
© Reuters
Mundo Palestina
"Estamos a enfrentar uma guerra bárbara de agressão e uma guerra aberta de genocídio contra o nosso povo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém, a nossa capital eterna", afirmou Abbas.
O Presidente da AP está sediado em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, geograficamente separada da Faixa de Gaza por território israelita.
O Hamas, um grupo palestiniano extremista, controla a Faixa de Gaza desde 2007, de onde cerca de três mil dos seus militantes lançaram um ataque sem precedentes contra o sul de Israel em 07 de outubro.
O ataque causou 1.200 mortos, segundo as autoridades israelitas, que responderam com uma declaração de guerra ao Hamas e uma ofensiva contra Gaza que o grupo islamita disse que já matou mais de 11 mil pessoas.
"A guerra injusta e agressiva a que estamos expostos é uma guerra contra a existência palestiniana e a identidade nacional palestiniana", disse Abbas, segundo a agência palestiniana WAFA.
Abbas afirmou que se trata de uma guerra contra "a identidade da terra e a identidade do povo", naquilo a que chamou "um episódio na série de agressões que têm vindo a ocorrer há mais de um século".
Acusou Israel, "o Estado ocupante", de estar a realizar "um massacre perante os olhos do mundo para quebrar a vontade" palestiniana.
Abbas, 88 anos, disse que a Palestina é a terra onde o povo palestiniano "vive há mais de 6.000 anos" e considerou vergonhoso haver quem apoie a agressão israelita e lhe dê cobertura política e militar.
Disse que o povo palestiniano é que paga um preço elevado no conflito e referiu que as autoridades palestinianas "estabeleceram uma série de prioridades nacionais" a fim de "parar a agressão bárbara" de Israel.
"Queremos uma vida segura, digna e livre para o nosso povo na sua terra natal e num Estado livre, independente e totalmente soberano, com Jerusalém como capital. É a nossa estratégia, é o nosso objetivo e continuaremos a lutar por ele até o conseguirmos", declarou.
Abbas frisou que a Faixa de Gaza "foi e continuará a ser para sempre parte integrante do território do Estado da Palestina".
"E é parte integrante das nossas responsabilidades nacionais que não podemos abandonar", acrescentou, numa altura em que se questiona quem assumirá o controlo da Faixa de Gaza se Israel derrotar o Hamas.
Abbas recordou a declaração de independência como o corolário da luta histórica da Organização de Libertação da Palestina (OLP).
Disse que o povo decidiu que a OLP "seria o seu único representante legítimo, o portador do seu estandarte nacional e o guardião do sonho da independência, do regresso e do Estado".
Yasser Arafat (1929-2004), o líder histórico da OLP, proclamou o Estado da Palestina em 15 de novembro de 1988, em Argel, 40 anos depois do estabelecimento do Estado de Israel.
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