Partido Popular acusa Sánchez de fraude e corrupção política
O presidente do Partido Popular espanhol (PP, direita), a maior formação no parlamento de Espanha, disse hoje que a reeleição do socialista Pedro Sánchez como primeiro-ministro nasce de uma fraude e de "corrupção política".
© Isabel Infantes/Getty Images
Mundo Espanha
"Esta investidura nasce de uma fraude. O que se traz hoje à Câmara [parlamento] não se votou nas urnas", disse Alberto Núñez Feijóo, no debate no Parlamento de Espanha para a reeleição de Sánchez como líder do Governo, na sequência das eleições de 23 de julho.
Feijóo referia-se aos acordos de Sánchez com partidos separatistas catalães para lhe viabilizarem um novo Governo, que incluem uma amnistia dos envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017.
O líder do PP considerou ainda os acordos como "corrupção política" porque "tomar decisões políticas contra o interesse geral em troca de benefícios pessoais é corrupção política".
Para Feijóo, o socialista Pedro Sánchez está disposto a pagar qualquer preço para se manter no poder, incluindo amnistiar independentistas que atentaram contra a unidade de Espanha e deixar nas mãos destes partidos a governabilidade do país de que não querem fazer parte.
Feijóo acusou Sánchez de "falta de palavra, ausência de restrições morais e de patológica ambição" e considerou que o socialista deixará como legado uma Espanha dividida.
"A amnistia não melhora a convivência, destrói-a", defendeu Feijóo, numa referência ao argumento em defesa da amnistia que hoje usou Sánchez no debate parlamentar.
O líder do PP voltou a defender a repetição das eleições, em que os populares foram os mais votados, e sublinhou que o partido socialista (PSOE) não só não tinha a amnistia no programa eleitoral como até a negava antes das legislativas.
Feijóo reiterou também que "o PP não se calará", depois de ter convocado manifestações em 52 cidades no domingo passado contra a amnistia que mobilizaram centenas de milhar de pessoas.
Na abertura do debate, Sánchez referiu-se precisamente às manifestações e disse saudar e respeitar toda a contestação pacífica, que considerou um ato democrático e legítimo.
Na resposta a Feijó, o socialista voltou a apelar à direita espanhola para reconhecer o resultado das eleições e sublinhou que todos os deputados eleitos são igualmente legítimos, incluindo os de partidos independentistas.
"O que diz a Constituição é que se respeite o resultado das eleições, não que se repitam as eleições", disse Sánchez a Feijóo.
Sánchez voltou a dizer que o PP não consegue aliados para chegar ao Governo e há uma união de oito partidos em torno do novo governo de esquerda por causa das alianças dos populares com a extrema-direita.
O líder do Vox, partido de extrema-direita e o terceiro maior no parlamento espanhol, disse no mesmo debate que os acordos com os independentistas são um golpe de Estado, por atentarem contra a unidade do país, que Sánchez é "um golpista" que devia sentar-se no banco dos réus e que Hitler também chegou ao poder com eleições antes de manipular o resultado e destruir a democracia.
As palavras de Santiago Abascal foram condenadas pela bancada do PSOE e pela presidente do parlamento, Francina Armengol, que pediu ao líder do Vox para as retirar.
Santiago Abascal recusou fazê-lo, repetiu o que tinha dito e, perante as condenações de Armengol e do PSOE, a bancada do Vox abandonou o plenário, um protesto que o partido usa com frequência nos debates parlamentares.
Pedro Sánchez recusou responder a Santiago Abascal.
O debate para a reeleição de Sánchez termina na quinta-feira, com a votação do plenário da investidura do líder do PSOE como primeiro-ministro da nova legislatura espanhola.
Sánchez tem, à partida, o 'sim' de uma maioria absoluta de 179 deputados de oito partidos, numa 'geringonça' de formações de esquerda e direita, regionalistas, nacionalistas e independentistas.
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