OMS quer travar "mentiras e interferência" da indústria do tabaco
A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou hoje uma campanha de sensibilização para "parar as mentiras e travar a interferência" da indústria do tabaco nas políticas de saúde pública.
© Lusa
"Parar as mentiras" é o nome da campanha lançada hoje, com um ataque direto à indústria tabaqueira e em defesa dos jovens, explica a OMS em comunicado, referindo que o objetivo é expor as tentativas e estratégias para enfraquecer as políticas de saúde.
De acordo com o mais recente relatório do "Índice Global da Interferência da Indústria Tabaqueira 2023", os esforços para proteger as políticas sanitárias da crescente interferência da indústria do tabaco têm vindo a deteriorar-se em todo o mundo.
Foi com preocupação sobre essa tendência que a OMS se dedicou agora à sensibilização para a necessidade de defender as políticas, pedindo aos decisores políticos que se mantenham firmes contra a influência da indústria, e a necessidade de proteger os jovens, dando-lhes mais voz.
"A ONU está ao lado dos jovens de todo o mundo que exigiram aos governos que os protegessem contra uma indústria mortal que os ataca com novos produtos nocivos, enquanto mente abertamente sobre os impactos na saúde", sublinha o diretor da Promoção da Saúde da OMS, Ruediger Krech.
Citado em comunicado, o responsável apela aos países para que protejam as políticas de saúde, ao excluírem a indústria do processo de decisão.
Portugal foi recentemente exemplo da fragilidade de políticas contra o tabagismo, com uma proposta do Governo que equipara o tabaco tradicional ao aquecido, aperta o cerco à venda em máquinas automáticas e interdita o fumo ao ar livre junto de escolas, faculdades ou hospitais.
O diploma ia mais longe, prevendo inicialmente a proibição da venda de tabaco nos postos de abastecimento de combustível, que mereceu a contestação dos representantes do setor.
O Governo deixou depois cair essa norma, invocando que, em algumas localidades, "o local para comprar tabaco ficaria a grande distância".
Ainda assim, a proposta de lei do Governo foi aprovada na generalidade no final de setembro, contando apenas com o apoio do PS, seguindo para a Comissão de Saúde, mas o diploma corre o risco de acabar por cair com a dissolução da Assembleia da República.
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