"Estejam a trabalhar em campo aberto, em tendas de imprensa colocadas perto de hospitais ou nas suas casas ou em abrigos improvisados, com os seus entes queridos, os jornalistas que continuam a cobrir esta guerra estão em perigo constante de serem mortos", descreveu a Repórteres sem Fronteiras (RSF), em comunicado.
Também hoje, ao início do dia, o Comité de Proteção dos Jornalistas (CPJ) expressou as suas "graves preocupações" com o colapso da internet e das redes telefónicas na Faixa de Gaza e apelou ao Egito e a Israel que autorizem a entrada de combustível no território palestiniano cercado.
Esta organização de defesa da liberdade de imprensa, baseada em Nova Iorque, afirmou, em comunicado, que o 'blackout' das comunicações causado pela falta de combustível na Faixa de Gaza representa "um risco extremo para as vidas dos jornalistas que reportam a partir da Faixa de Gaza".
Acresce que, "ao impedirem a entrada de combustível na Faixa de Gaza, o governo israelita está a impedir os jornalistas na Faixa de Gaza de fornecerem ao mundo notícias sobre a guerra, o que deixa a comunidade internacional vulnerável à propaganda mortal e à desinformação", acusou Sherif Mansour, coordenador do CPJ para a região do Médio Oriente e Norte de África.
No seu texto, a RSF adiantou que está em contacto permanente com jornalistas, "que têm feito relatos comoventes do ambiente em que trabalham".
Um exemplo é a descrição feita pelo correspondente da agência France Press na Faixa de Gaza nos últimos 27 anos, Adel Al Zaanoon. Como disse, ao descrever o seu quotidiano: "Estamos sob pressão constante com bombardeamentos por todos os lados, terra, mar e ar".
O correspondente da RSF na Faixa de Gaza desde 2018, Ola Al Zaanoon, que foi hospitalizado, depois de ter sofrido os efeitos de um bombardeamento israelita perto de Rafah. Como detalhou: "Fui ferido quando a casa ao lado daquela em que nos tínhamos refugiado foi bombardeada".
Já Hani Alsaher, jornalista que trabalha para vários meios locais e internacionais na Faixa de Gaza, descreveu o que é noticiar a partir do terreno para ele e os seus camaradas: "As cenas de banho de sangue deixam cicatrizes para sempre nas nossas almas, depois de testemunharmos essas cenas, seja durante os bombardeamentos, seja depois".
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