Segundo a OMS, cujos peritos se mantiveram durante uma hora no imenso complexo hospitalar, o edifício ainda albergava 25 funcionários e 291 doentes, incluindo 32 bebés em estado crítico, 22 doentes submetidos a diálise e dois em cuidados intensivos.
Os membros da missão descreveram o hospital como uma "zona de morte" onde a situação é "desesperada", indicou a OMS em comunicado divulgado na noite de sábado.
"A OMS e os seus parceiros elaboram com urgência planos para a retirada imediata dos restantes doentes, do pessoal e das suas famílias", acrescentou a organização.
"A equipa deparou-se com um hospital que já não estava em condições de funcionar: sem água, sem eletricidade, sem alimentos, e com os fornecimentos médicos esgotados", escreveu na rede social X (ex-Twitter) o secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
The full @WHO statement on the @UN assessment mission to the Al-Shifa hospital, which colleagues described as a “death zone.”
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) November 18, 2023
The extreme suffering of the people of #Gaza demands that we respond immediately and concretely with humanity and compassion.https://t.co/2jDWgW0KXS pic.twitter.com/YqxPMrw9r9
"Tendo em consideração a situação deplorável e o estado de numerosos doentes, incluindo bebés, os funcionários hospitalares pediram ajuda para retirar os doentes que já não podem receber nesse local os cuidados vitais", acrescentou.
No seu comunicado, a OMS refere que a grande maioria dos doentes que permanecem no hospital são vítimas de fraturas complexas e de amputações, de queimaduras, de traumatismo torácicos e abdominais.
Disse ainda que 29 doentes sofrem de sérios ferimentos na coluna vertebral e são incapazes de se deslocar sem assistência médica. Numerosos feridos sofrem de graves infeções, devido à ausência e antibióticos e às más condições de higiene.
A OMS anunciou que diversas missões serão organizadas nos próximos dias para a retirada urgente dos restantes doentes em direção ao hospital Nasser e ao hospital europeu de Gaza, mesmo que estas duas instalações "já excedam as suas capacidades".
Segundo o Exército israelita, que na manhã de quarta-feira efetuou uma incursão no hospital Al-Shifa, este edifício alberga um complexo do Hamas, que estará instalado numa rede de túneis, uma alegação desmentia pelo movimento islamita palestiniano.
Nos últimos dias, cercou o local e efetuou várias incursões limitadas às suas instalações, nas quais afirma ter descoberto armas e um túnel utilizado pelo Hamas.
A Faixa de Gaza está submetida a um cerco total por Israel desde 9 de outubro, com a população privada do fornecimento de água, eletricidade, alimentos e medicamentos.
Uma parte desta população refugiou-se no sul, perto da fronteira egípcia, mas centenas de milhares permanecem no meio dos combates, no norte do enclave. Segundo diversas organizações não-governamentais (ONG), a situação é desastrosa para a população.
Na Faixa de Gaza, onde Israel afirma pretender "aniquilar" o Hamas, os bombardeamentos israelitas em represália pelo ataque de 7 de outubro já provocaram a morte de mais de 12 mil pessoas, na maioria civis, incluindo cerca de 5.000 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
De acordo as autoridades israelitas, cerca de 1.200 pessoas foram mortas em Israel no ataque do Hamas em 7 de outubro, incluindo cerca de 300 militares e polícias.
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