Pouco antes do amanhecer, o comando militar dos Estados Unidos no Médio Oriente anunciou ter efetuado "ataques de precisão" em dois locais no Iraque, em represália pelos recentes ataques de grupos pró-iranianos contra as tropas norte-americanas e as forças da coligação internacional anti-jihadista no Iraque e na Síria.
Já na terça-feira, um bombardeamento na região de Abu Ghraib, perto de Bagdad, visou um veículo pertencente ao Hashd al-Shaabi - antigos paramilitares integrados nas forças regulares - matando pelo menos uma pessoa e ferindo outras. Washington disse que se tratou de um ataque de "autodefesa".
Esta quarta-feira, os bombardeamentos norte-americanos visaram Jurf al-Sakhr, uma zona isolada e altamente segura onde se concentram as atividades do Hashd, cerca de 60 quilómetros a sul de Bagdad.
"A América é o maior dos demónios", "Morte à América", gritavam centenas de pessoas, algumas em uniforme militar, no funeral de seis combatentes organizado com grande pompa hoje à tarde na capital iraquiana.
Os caixões estavam cobertos com a bandeira branca do Hashd al-Shaabi (Forças de Mobilização Popular), segundo relatou a agência France-Presse (AFP).
Para o Governo iraquiano, os ataques norte-americanos representam uma "violação flagrante da soberania" e uma "escalada perigosa", bem como "um ato de agressão".
Referindo-se aos grupos pró-Irão, o executivo de Bagdad, nomeado por uma maioria parlamentar de partidos próximos de Teerão, também considerou "condenáveis e ilegais" as "atividades armadas" realizadas fora do quadro militar.
Os ataques dos Estados Unidos da América (EUA) são os primeiros no Iraque desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, que veio a aumentar o clima de tensão na região.
As Brigadas do Hezbollah, uma fação influente do Hashd, confirmaram a morte de oito combatentes, denunciando um "crime" que "não ficará impune", e ameaçaram "alargar o leque de alvos se o inimigo prosseguir os seus métodos criminosos".
De acordo com o Pentágono (Departamento de Defesa norte-americano), o ataque de terça-feira na região de Abu Ghraib foi efetuado em resposta a um ataque no dia anterior por um "míssil balístico de curto alcance" contra a base iraquiana de Ain al-Assad, onde estão estacionadas tropas norte-americanas e da coligação internacional.
O ataque a Ain al-Assad provocou oito feridos e alguns danos menores na base, segundo a mesma fonte.
O número de atentados contra as forças dos EUA e a coligação internacional anti-jihadista no Iraque e na Síria aumentou consideravelmente desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.
Washington contabilizou 66 ataques desde 17 de outubro, dez dias após o início da guerra, segundo o Pentágono. Estes ataques com mísseis e ataques com 'drones' (aparelhos não tripulados) feriram cerca de 60 efetivos americanos.
Em represália, Washington já bombardeou três vezes na Síria locais ligados ao Irão.
Os EUA têm cerca de 900 soldados na Síria e quase 2.500 no Iraque para combater a organização terrorista Estado Islâmico (EI).
Nas últimas semanas, a maioria dos atentados contra soldados norte-americanos foi reivindicada pela "Resistência Islâmica no Iraque", uma amálgama de milícias armadas pró-iranianas que divulgam as suas ações na plataforma Telegram.
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