"Devido ao mau tempo que assola a região norte, a Província de Nampula regista danos em 74 quilómetros de Linha de Média e Baixa Tensão, bem como a queda de 6 Postos de Transformação e duas Torres de Alta Tensão, na linha entre Namialo e Monapoque", lê-se num comunicado da Eletricidade de Moçambique (EDM).
Os cortes de energia elétrica afetaram as subestações de Nampula, Angoche e Nacala, que abastecem cerca de 15 distritos e alguns bairros daquela província do norte do país.
De acordo com a EDM, os prejuízos causados pelo ciclone são avaliados em cerca de 100 milhões de meticais (1,4 milhões de euros).
"Neste momento, as vias de acesso encontram-se interrompidas, condicionando a reposição do fornecimento da corrente elétrica aos clientes afetados, entretanto, já foi restabelecido o fornecimento normal de energia a parte das Cidades de Nampula, Nacala e os Distritos de Monapo, Liupo e Mongicual", refere-se ainda.
Pelo menos seis pessoas morreram, 20 ficaram feridas e outras 9.525 foram afetadas pelo ciclone Jude nas províncias de Nampula e Niassa, no norte de Moçambique, e Zambézia, no centro do país, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD).
Até terça-feira, o Jude tinha afetado também 17.401 alunos, 264 professores, 59 escolas e 181 salas de aula, todos os dados correspondentes às províncias de Nampula e Niassa, no Norte de Moçambique, e Zambézia, no centro do país.
O ciclone tropical entrou em Moçambique na madrugada de segunda-feira, com ventos de 140 quilómetros por hora e rajadas até 195 quilómetros por hora, disse à Lusa Manuel Francisco, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) de Moçambique.
Logo após a entrada no país, o ciclone "voltou ao estágio de tempestade tropical severa e nos próximos dois dias [terça-feira e hoje] poderá variar entre tempestade moderada e severa", disse o meteorologista.
Moçambique está em plena época chuvosa, que decorre entre outubro e abril, período em que foram já registados os ciclones Chido e Dikeledi, que afetaram igualmente o norte do país.
Os ciclones atingiram Moçambique entre dezembro do ano passado e janeiro último, com maior impacto nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, tendo afetado cerca de 736.000 pessoas e causado a destruição de infraestruturas públicas e privadas.
Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O país africano é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.
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