Através da respetiva conta na rede social X (ex-Twitter), a força policial confirmou hoje que enviou "mais de 400" efetivos uniformizados, incluindo cerca de 250 polícias antimotim, para o centro da capital para "lidar com incidentes de ordem pública e desordens violentas graves".
A Garda declarou ter detido 34 pessoas relacionadas com os distúrbios, que atribuiu a "fações 'hooligans'" de grupos de "extrema-direita", enquanto 32 indivíduos foram acusados e comparecerão hoje perante um juiz.
Os múltiplos esfaqueamentos ocorridos na quinta-feira foram seguidos por uma manifestação de grupos anti-imigração em torno do local do incidente, no norte da capital.
A manifestação rapidamente degenerou em ataques à Garda com garrafas, fogo de artifício e outros artefactos, espalhando-se, depois, para outras zonas de Dublin, onde uma multidão de jovens começou a queimar carros da polícia, autocarros e elétricos.
A multidão, espalhada por diferentes ruas, também saqueou várias lojas no centro da cidade e chegou a forçar a entrada num grande centro comercial, como mostram dezenas de vídeos publicados nas redes sociais.
As imagens que circulam de telemóvel em telemóvel captam ainda várias agressões de grupos de jovens contra polícias que ficaram isolados na confusão dos tumultos, descritos por políticos e autoridades como os piores de sempre no país.
Os protestos levaram ao encerramento de várias ruas, tendo a polícia recuperado o controlo por volta da meia-noite, disse hoje o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar.
A Garda acrescentou hoje que sete veículos, incluindo três autocarros urbanos e um elétrico, foram queimados pelos desordeiros, enquanto 11 veículos da polícia "foram gravemente danificados".
Além disso, 13 lojas "foram atacadas e substancialmente danificadas" e "vários agentes ficaram feridos".
"Está em curso uma investigação formal sobre os distúrbios violentos e os acontecimentos de ordem pública ocorridos ontem [quinta-feira] no centro da cidade de Dublin. A Garda apela a qualquer pessoa que tenha informações para entrar em contacto", conclui a nota.
Varadkar, que declarou que os tumultos ocorridos em Dublin envergonham a Irlanda, advertiu hoje que a força policial irá intensificar a sua presença nas ruas nos próximos dias, uma vez que estão previstos mais protestos para o fim de semana, convocados através das redes sociais.
"Estas pessoas afirmam que estão a defender os cidadãos irlandeses [mas] estão a colocar em perigo" os "mais inocentes e vulneráveis", afirmou Varadkar, que é filho de pai indiano e mãe irlandesa, aos jornalistas.
"Eles são uma vergonha para Dublin, uma vergonha para a Irlanda, uma vergonha para as suas famílias e para eles próprios", acrescentou o primeiro-ministro, que acusou os desordeiros de estarem "cheios de ódio" e de gostarem de violência, "do caos e de causar sofrimento aos outros".
"Devemos recuperar a Irlanda daqueles que exploram sem escrúpulos os medos daqueles que são facilmente arrastados para a escuridão", afirmou.
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