Extensão de trégua no Médio Oriente? "Objetivo que parece acessível"

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse hoje que o prolongamento da trégua em Gaza é um "objetivo que parece acessível" e realçou que "responde a uma exigência prioritária de evitar mais mortos".

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© FREDERICK FLORIN/AFP via Getty Images

Lusa
27/11/2023 14:46 ‧ 27/11/2023 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

"Este é um objetivo que parece acessível, que responde a uma exigência prioritária de evitar mais mortos e que é reivindicada pela opinião pública mundial, incluindo a israelita", disse Borrell, na conferência de imprensa final da reunião de hoje, em Barcelona, da União pelo Mediterrâneo (UpM), onde estiveram representados 43 países europeus e árabes, além da UE.

Portugal esteve representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

O alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança realçou que depois dos "ataques e do massacre" do grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro e da resposta militar de Israel, com o bloqueio e "bombardeamentos massivos" da Faixa de Gaza, se gerou uma "gravíssima crise humanitária" naquele enclave palestiniano.

"Perante esta situação, a primeira coisa a fazer é tentar que a trégua decretada há alguns dias continue", disse Borrell, acrescentando que o prolongamento desta pausa na guerra, cujo prazo inicial termina na terça-feira às 07:00 locais (05:00 em Lisboa), permitiria libertar todos os reféns israelitas que estão com o Hamas, trabalhar num cessar-fogo e abrir caminho a uma "solução política".

Josep Borrell disse que o conflito no Médio Oriente, entre israelitas e palestinianos, não terá solução militar e Israel só terá paz e segurança se os dois povos tiverem dois Estados mutuamente reconhecidos e assim partilharem a terra que ambos disputam há décadas.

Para o político espanhol, "o que está a acontecer hoje na Palestina e em Gaza em particular é um falhanço moral e político da comunidade internacional", que anda há 30 anos a repetir que a solução são os dois Estados, "mas fez muito pouco ou nada para a tornar realidade".

"Hoje somos todos conscientes de que a perda de milhares vidas continuará geração após geração se não formos capazes de forjar um acordo político que faça realidade aquilo que tantas vezes apregoámos", afirmou.

Os "passos concretos" para esse objetivo são, acrescentou Borrell, o prolongamento da trégua atual, não deixar o Hamas a controlar a Faixa de Gaza, evitar "a recolonização" deste território por Israel e "denunciar a ocupação ilegal" da Cisjordânia com os colonatos israelitas, que são "uma das maiores fontes de tensão e um dos maiores obstáculos à resolução do conflito"

Por fim, prosseguiu o alto representante, o último passo é criar as condições para a Autoridade Palestiniana, com o apoio da comunidade internacional, voltar a controlar Gaza, para que este território não se torne uma "terra sem lei nem ordem" e "terreno fértil para organizações violentas e terroristas".

Segundo Josep Borrell, no encontro de hoje em Barcelona houve um consenso amplo em relação à necessidade e prolongamento da trégua atual, à procura de um cessar-fogo duradouro e em relação à solução dos dois Estados.

A Autoridade Palestiniana esteve hoje na reunião realizada na cidade catalã, mas Israel, um dos países fundadores da UpM, decidiu não estar presente.

Borrell disse que a reunião "não era contra ninguém, era por e para a paz", e que espera que Israel regresse no futuro aos encontros da UpM, que junta anualmente, em Barcelona, responsáveis da diplomacia dos Estados-membros.

O chefe da diplomacia europeia disse que os países presentes hoje em Barcelona condenam o ataque do Hamas a Israel, mas lembraram que "a guerra também tem leis e Israel tem de respeitar o direito internacional e o direito internacional humanitário".

"O horror criado pelo Hamas com o seu ataque não pode justificar outro horror e o povo palestiniano não pode pagar o preço das ações do Hamas", disse Borrell, que lembrou que até ao início da trégua morreram 15 mil pessoas em Gaza e que o território tem 60% dos edifícios destruídos.

A reunião da UpM, que teve como ponto único da agenda a situação no Médio Oriente, terminou sem uma declaração conjunta, como sempre acontece nestes encontros anuais.

Além dos membros da UpM esteve também na reunião, como convidada, uma delegação de outros países árabes e muçulmanos que se mostraram disponíveis para trabalhar com o resto da comunidade internacional numa solução política que garanta a estabilidade no Médio Oriente.

[Notícia atualizada às 15h50]

Leia Também: NATO pede extensão da trégua para ajudar Gaza e "libertar mais reféns"

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