"Apelamos, por isso, para um cessar-fogo imediato e para a libertação, sem demora, dos canais de abastecimento e de apoio humanitários de forma a acudir as vítimas civis deste conflito que condenamos veemente", afirmou José Ramos-Horta.
O Prémio Nobel da Paz discursava durante a cerimónia para assinalar o 48.º aniversário da proclamação unilateral da independência de Timor-Leste, declarada a 28 de novembro de 1975.
O Presidente timorense solidarizou-se igualmente com António Guterres, considerando que os ataques feitos por Israel contra o secretário-geral das Nações Unidas "são extremamente injustos e demonstrativos de uma grande arrogância".
"São injustas e ingratas para um secretário-geral das Nações Unidas que, desde sempre, lutou pela causa da paz, dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável à escala global", afirmou.
Israel mantém um conflito aberto contra António Guterres, tendo chegado a pedir a sua demissão, depois de o secretário-geral da ONU ter afirmado que Israel violou o direito internacional humanitário na ofensiva na Faixa de Gaza.
Israel declarou guerra ao Hamas em 07 de outubro, na sequência de um ataque do grupo islâmico, que incluiu o lançamento de mais de 4.000 foguetes e a infiltração de perto de 3.000 militantes, que mataram cerca de 1.200 pessoas e raptaram mais de 240 em comunidades israelitas próximas da Faixa de Gaza.
Desde então, as forças aéreas, navais e terrestres de Israel contra-atacaram no enclave palestino, onde mais de 15 mil pessoas já morreram, segundo as autoridades da Faixa de Gaza, controlada desde 2007 pelo Hamas, a maioria delas crianças e mulheres, e estima-se que mais de sete mil pessoas estejam desaparecidas sob os escombros.
No discurso, José Ramos-Horta salientou também que Timor-Leste "continua solidário com o povo e o Governo da Ucrânia, por esta agressão armada em clara violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas", referindo-se à guerra com a Rússia.
"Um conflito que apesar de estar localizado na Europa, tem afetado negativamente todos os países do mundo, sem exceção, criando uma pressão inflacionária nos produtos alimentares e bens essenciais, com elevados impactos negativos para os países mais frágeis e menos desenvolvidos", incluindo Timor-Leste, salientou.
O Presidente timorense manifestou igualmente a continuação do apoio ao povo e Governo de Unidade Nacional de Myanmar, em "especial com o drama vivido pelas comunidades de origem rohingya".
"Continuamos a considerar o Governo de Unidade Nacional, nos termos do direito internacional", liderado pela Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, disse Ramos-Horta, insistindo na condenação ao golpe militar de fevereiro de 2021.
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