Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU para abordar a trajetória política e humanitária na Síria, Edem Wosornu, funcionária do Escritório de Operações Humanitárias das Nações Unidas (OCHA), descreveu o "preocupante" cenário no terreno, onde abrigos inadequados, falta de aquecimento e vestuário e utensílios domésticos insuficientes representam riscos significativos para a saúde da população síria, especialmente para crianças e idosos.
Contudo, apesar das necessidades humanitárias cada vez maiores, Wosornu alertou para o "défice preocupante" de 70% nos fundos necessários para prestar esse apoio vital.
"Estes baixos níveis de financiamento não têm precedentes em crises humanitárias desta magnitude. Não posso medir o impacto que esta falta de recursos está a ter na nossa capacidade de satisfazer as necessidades de milhões de pessoas desesperadamente necessitadas em toda a Síria", disse.
De acordo com a representante do OCHA, centenas de hospitais e centros de saúde estão a ser forçados a encerrar ou reduzir as operações devido à falta de financiamento e 2,5 milhões de pessoas já não recebem a assistência alimentar de que necessitam.
"Estamos a ser forçados a cortar programas de assistência essenciais quando há poucas hipóteses de restabelecimento dos serviços regulares. Esta é a dura realidade da situação atual", denunciou.
Além da situação humanitária, a ONU expressou alarme com a "escalada" das hostilidades na Síria, com as consequências da guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas a sentirem-se no terreno.
"Continuamos profundamente preocupados com a perspetiva de uma escalada potencialmente mais ampla na Síria. Os efeitos dos desenvolvimentos trágicos no Território Palestino Ocupado e em Israel continuam a ser sentidos dentro da Síria", afirmou a enviada especial adjunta da ONU para a Síria, Najat Rochdi.
"Ainda neste fim de semana, os ataques aéreos israelitas atingiram mais uma vez o aeroporto de Damasco, mais uma vez paralisando temporariamente o Serviço Aéreo Humanitário da ONU, que opera a partir deste aeroporto e atende os programas humanitários da Síria", observou.
De acordo com Rochdi, todas as partes envolvidas no conflito passam uma mensagem clara de que não procuram uma escalada, mas a enviada frisou que as palavras não são suficientes.
"Continuar com tal violência é brincar com fogo", frisou.
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