A central, explicou na sua última avaliação o diretor da agência nuclear da ONU, Rafael Grossi, "perdeu a ligação às suas linhas externas de abastecimento [de eletricidade] na noite passada e teve de recorrer temporariamente aos seus geradores de emergência a 'diesel', para arrefecer os reatores e manter as funções essenciais de segurança nuclear".
A ligação da central à sua linha elétrica de reserva foi cortada na sexta-feira por volta das 22:26 locais (20:26 de Lisboa). Cerca de cinco horas depois, segundo o relatório da AIEA, ocorreu a perda da única linha de 750 kilowatts da central, a sua principal fornecedora externa de eletricidade.
"A causa parece estar na rede externa, longe da central", considerou a agência especializada das Nações Unidas.
Como resultado, os 20 geradores a 'diesel' das instalações começaram a funcionar automaticamente, o que foi suficiente para garantir que os seis reatores da central, todos eles desligados, tinham energia suficiente para a refrigeração essencial.
A linha elétrica de 750 kilowatts afetada foi religada hoje, pouco depois das 08:00 locais (06:00 de Lisboa). Depois disso, os oito geradores a 'diesel' que estavam em funcionamento estão a ser gradualmente desligados.
"O último corte de energia externa é mais uma chamada de atenção para a precariedade da situação da segurança nuclear na central, que pode ver-se afetada por acontecimentos longínquos", sublinhou Grossi.
"A AIEA continua a fazer tudo o que está ao seu alcance para ajudar a impedir um acidente nuclear", acrescentou o responsável, antes de apelar à Ucrânia e à Rússia para que "não tomem qualquer medida que possa pôr em maior perigo a central".
A Rússia lançou a 24 de fevereiro de 2022 uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, de acordo com dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e fez nos últimos 21 meses um elevado número de vítimas não só militares como também civis, impossíveis de contabilizar enquanto o conflito decorrer.
A invasão -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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