Washington mantém apoio, mas diverge de Telavive sobre futuro de Gaza

Os Estados Unidos continuam apostados em manter o apoio a Israel na guerra contra o Hamas, mas os aliados de Telavive estão cada vez mais divididos sobre o que acontecerá ao enclave quando o conflito terminar.

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© Said Khatib/AFP via Getty Images

Lusa
07/12/2023 14:50 ‧ 07/12/2023 por Lusa

Mundo

Israel

Esta semana, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que o seu país manterá uma presença de segurança ilimitada em Gaza.

As autoridades israelitas falam mesmo em impor uma zona tampão para manter os palestinianos longe da fronteira e excluem qualquer papel de controlo por parte da Autoridade Palestiniana, dizendo que isso seria o mesmo que permitir um Governo do Hamas.

Contudo, sobre esta matéria, os Estados Unidos revelaram uma visão muito diferente, assegurando que não permitirão que Israel reocupe Gaza ou reduza ainda mais o seu já pequeno território.

Washington tem apelado repetidamente ao regresso da Autoridade Palestiniana ao enclave, alegando o seu reconhecimento internacional, e pedido o reinício das conversações de paz destinadas a estabelecer um Estado palestiniano ao lado do de Israel.

Israel declarou guerra ao Hamas depois deste grupo islamita ter atravessado a sua fronteira sul, em 07 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestrando mais de 240.

Dias depois, o Presidente norte-americano, Joe Biden, voou até Israel numa missão de solidariedade, e o seu Governo passou a apoiar fortemente o direito de Israel de se defender, ao mesmo tempo que fornece armas e assistência militar.

Contudo, à medida que a guerra se arrasta, Washington tem manifestado receios relativamente às terríveis condições humanitárias e ao crescente número de mortes de civis em Gaza, onde as autoridades de saúde relatam mais de 16 mil mortos, pelo menos dois terços dos quais mulheres e crianças.

Mas as maiores divergências entre Telavive e os aliados estão na visão de longo prazo para Gaza.

Na terça-feira, Netanyahu disse que os militares manteriam o controlo de segurança ilimitado sobre a Faixa de Gaza muito depois do fim da guerra, sugerindo uma forma de ocupação israelita estendida.

O primeiro-ministro israelita descartou mesmo a hipótese de forças de paz estrangeiras, dizendo que apenas o Exército israelita poderia garantir que Gaza permanecesse desmilitarizada.

Netanyahu também rejeitou o regresso da Autoridade Palestiniana, dizendo que não se pode confiar no seu líder, o Presidente palestiniano Mahmoud Abbas.

Israel comunicou ainda aos aliados ocidentais e aos vizinhos regionais os planos para a criação de uma zona tampão, sem oferecer uma proposta detalhada, segundo as autoridades egípcias e diplomatas árabes e ocidentais.

Nos últimos dias, os Estados Unidos têm insistido em que uma Autoridade Palestiniana "revitalizada" possa desempenhar um papel na Faixa de Gaza no pós-guerra e que Israel deve procurar uma solução de dois Estados envolvendo Abbas.

"Quando se trata do fim deste conflito em Gaza, não deve haver redução no tamanho de Gaza", insistiu o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, na quarta-feira, questionando a legitimidade da criação de uma zona tampão no enclave.

Leia Também: AO MINUTO: Ataque a jornalistas foi "deliberado"; 100 mortos em 24 horas

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