Numa conferência de imprensa na Cimeira do Clima do Dubai (COP28), Rachel Cleetus, diretora de políticas do Programa de Clima e Energia da UCS -- uma organização sem fins lucrativos - pediu a Kerry que consiga o que os cientistas e ambientalistas procuram: que o fim dos combustíveis fósseis seja incluído no documento.
"Todos concordamos que o texto é uma m...", disse Cleetus, que acrescentou que, na sua opinião, este é o documento que a indústria dos combustíveis fósseis e os estados produtores de petróleo queriam.
"Não viemos para isto", disse, antes de apelar ao "isolamento da Arábia Saudita", um dos principais produtores de petróleo do mundo.
Até ao momento, a Arábia Saudita não reagiu ao último rascunho, publicado na segunda-feira, do balanço global, o primeiro processo de revisão do que foi alcançado desde o Acordo de Paris (2015) e no qual as partes deverão acordar os próximos passos a seguir para garantir a segurança climática do planeta.
"Esperamos trabalhar com as outras partes para garantir um resultado sólido nesta COP", disse o enviado dos EUA, próximo do sultão Al Jaber, presidente da conferência que decorre no Dubai e que encerra oficialmente hoje.
Representantes de organizações ambientais também participaram na conferência de imprensa e, visivelmente emocionados, garantiram que a culpa não é apenas da Arábia Saudita, mas também de outras nações que estão a expandir os seus projetos de combustíveis fósseis, como os Estados Unidos, o Canadá ou a Noruega.
A COP28 tem como um dos principais objetivos reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), produzidos maioritariamente pelos combustíveis fósseis, e impedir que as temperaturas subam acima de 1,5º em comparação com a época pré-industrial.
Nas negociações, que decorrem no Dubai há quase duas semanas, houve uma opção de texto do Balanço Global dos oito anos do Acordo de Paris que se alinhava com o fim do petróleo, gás e carvão, mas na segunda-feira o sultão Al Jaber propôs um projeto de acordo que deixava toda a margem aos países para escolherem a sua maneira de "reduzir" as energias fósseis.
O texto de 21 páginas não fixa qualquer objetivo comum de "saída" do petróleo, do gás e do carvão, como constante das versões anteriores, o que constituiria uma decisão histórica se fosse aprovado por consenso pelos 194 Estados, mais a União Europeia, que ratificaram o Acordo de Paris.
As energias fósseis são responsáveis por dois terços das emissões de gases com efeito de estufa, que estão na origem do aquecimento global e do seu cortejo de catástrofes, como secas, vagas de calor e inundações.
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