"Os recentes relatos de ameaças feitas à navegação comercial no Mar Vermelho são extremamente alarmantes e inaceitáveis. A navegação comercial nunca deve ser vítima colateral de conflitos geopolíticos", sublinhou o líder da organização que faz parte da ONU, numa declaração enviada à Lusa.
"Qualquer ataque à navegação comercial é contrário ao direito marítimo internacional, incluindo as leis que protegem a liberdade", afirmou o secretário-geral da Organização Marítima Internacional (OMI).
Defendendo que "os navios, as cargas e os marinheiros devem ser protegidos em todos os momentos", Kitack Lim pediu aos Estados para trabalharem em conjunto "para garantir uma navegação global segura e sem entraves, em todo o lado, como um pré-requisito para a manutenção das cadeias de abastecimento mundiais".
A navegação deve ser feita "em conformidade com o quadro do Código de Conduta do Djibuti", referiu.
O Código de Conduta do Djibuti determina que os Estados signatários têm de cooperar para "reprimir o crime organizado transnacional no domínio marítimo, o terrorismo marítimo, a pesca ilegal, não regulamentada e não declarada e outras atividades ilegais no mar".
A reação da OMI foi divulgada depois de vários ataques a navios comerciais no Mar Vermelho, situado no Oceano Índico entre a África e a Ásia e que banha a Arábia Saudita, o Egito, o Iémen, Israel, Jordânia, Sudão, Eritreia e Djibuti.
Os rebeldes Houthi do Iémen, apoiados pelo Irão, têm lançado uma série de ataques a embarcações no Mar Vermelho, bem como drones e mísseis contra Israel, tendo atingido -- ou tentando - navios norte-americanos, britânicos, noruegueses e franceses, além de israelitas.
Os rebeldes, que têm reivindicado as ações, garantem que continuarão a atacar "até que cesse a agressão de Israel" na Faixa de Gaza.
Os Houthis, que controlam a capital iemenita e outras regiões, fazem parte do que descrevem como um "eixo de resistência" contra Israel, juntamente com grupos como o movimento de resistência islâmica Hamas e o Hezbollah libanês, apoiados pelo Irão.
Num comunicado publicado nas redes sociais, os Houthis declararam que "vão impedir a passagem de navios em direção à entidade sionista" se os habitantes do território palestiniano, bombardeado por Israel há dois meses, não receberem mais ajuda humanitária, como alimentos e medicamentos.
A guerra entre Israel e o Hamas começou em 07 de outubro, quando grupo islamita atacou, de surpresa e com uma força inédita, o território israelita, matando, segundo as autoridades de Telavive, 1.400 pessoas e fazendo mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel tem bombardeado Gaza e bloqueou a entrada de bens essenciais como água, medicamentos e combustível.
Embora os dois lados tenham feito uma trégua de alguns dias para troca de prisioneiros e acesso de ajuda humanitária, as autoridades palestinianas referem contabilizar mais de 15.000 mortos do seu lado.
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