Criado na sequência da ratificação, em 2018, do Pacto Global para os Refugiados, este fórum, cuja primeira edição teve lugar um ano depois, em 2019, em Genebra, foi concebido para apoiar a aplicação prática dos objetivos estabelecidos no pacto, designadamente aliviar as pressões sobre os países de acolhimento, reforçar a autossuficiência dos refugiados, aumentar o acesso a soluções de países terceiros e melhorar as condições nos países de origem.
Celebrado de quatro em quatro anos, e coorganizado pelo ACNUR, a agência das Nações Unidas para os Refugiados, e pelo Governo da Suíça, o fórum constitui uma oportunidade para os Estados e as partes interessadas anunciarem compromissos e contribuições concretas, salientarem os progressos realizados, partilharem boas práticas e fazerem o balanço dos desafios e oportunidades que se avizinham.
Depois de a primeira edição ter contado com cerca de 3 mil participantes, é esperada nesta segunda edição a participação de representantes de Estados, do setor privado, instituições financeiras internacionais, agências da ONU, organizações humanitárias e de desenvolvimento, cidades e autoridades locais, ONG (organizações não-governamentais), organizações lideradas por refugiados, grupos religiosos e outros.
Antevendo os possíveis resultados do evento, o coordenador da segunda edição do Fórum, Arafat Jamal, admitiu que "no cerne do fórum estão os compromissos", devendo os Estados e a sociedade civil anunciar "compromissos transformadores em domínios como a educação, o acesso ao mercado de trabalho, a construção da paz, a atenuação das alterações climáticas e a reinstalação".
"Haverá também fortes compromissos em torno de situações específicas, incluindo os afegãos, os refugiados do Corno de África, os rohingya, os centro-americanos e os centro-africanos", adiantou.
As contribuições para o Fórum Global de Refugiados podem assumir muitas formas, desde assistência financeira, material ou técnica, incluindo locais para reinstalação e outras vias de admissão em países terceiros, permitindo que países com melhores recursos partilhem a responsabilidade pelos refugiados, até medidas para apoiar as comunidades de acolhimento, prevenir conflitos e construir a paz.
As organizações podem comprometer-se sozinhas ou combinar esforços em grupos.
"No final de um ano devastador, marcado por novas situações de refugiados, ressurgentes e intermináveis, pode parecer que estamos num precipício. As necessidades humanitárias estão a ultrapassar os recursos e, para 114 milhões de pessoas deslocadas à força e apátridas, incluindo 36 milhões de refugiados, o conflito está a destruir vidas. Está também a sobrecarregar as comunidades que tão generosamente acolheram estas pessoas", comentou Jamal.
"Reunir-nos-emos num espírito de solidariedade, determinados a mobilizar a vontade política para aliviar a pressão sobre os anfitriões e os refugiados e procurar soluções duradouras. Se agirmos hoje, podemos transformar vidas. Se nos atrasarmos, as consequências são demasiado óbvias", completou.
O fórum começa hoje com uma sessão plenária que será aberta com uma intervenção do alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi.
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