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Sudão. PAM alerta para "catástrofe" se não conseguir distribuir ajuda

O Programa Alimentar Mundial (PAM) alertou hoje para uma "catástrofe alimentar" que ocorrerá no Sudão se a organização não conseguir distribuir alimentos às pessoas isoladas pela guerra, que assola o país há oito meses.

Sudão. PAM alerta para "catástrofe" se não conseguir distribuir ajuda
Notícias ao Minuto

15:43 - 13/12/23 por Lusa

Mundo Programa Alimentar Mundial

"Se a ajuda alimentar às pessoas encurraladas nas zonas onde os combates são mais intensos - a capital, Cartum, Darfur (oeste) e Cordofão (sul) - não aumentar significativamente no período que antecede as colheitas de maio, estas zonas poderão deslizar para um estado de desastre alimentar", alertou o PAM num comunicado de imprensa.

Em 15 de abril, o chefe do exército, general Abdel Fattah al-Burhane, e o seu vice-general Mohamed Hamdane Daglo, agora chefe das Forças Paramilitares de Apoio Rápido (FSR, na sigla em inglês), viraram as armas um contra o outro.

Nos oito meses de guerra, morreram 12.000 pessoas no país, segundo a ONU, um número subestimado, uma vez que áreas inteiras do Sudão estão isoladas do mundo, não se podendo, por isso, apurar o número de vítimas.

Não havendo colheitas satisfatórias e com as pessoas a deslocarem-se por causa da guerra - neste momento, já há sete milhões de deslocados registados pela ONU -, a fome ameaça varrer áreas inteiras do país.

Uma fome "catastrófica" corre o risco de atingir os estados de Darfur, onde a ONU suspeita da existência de um "genocídio", e do Cordofão, outra região onde os combates são intensos, mas também a capital, Cartum, onde ocorreram os primeiros tiros a 15 de abril último e que está ainda inacessível, com milhões de residentes impedidos de sair.

O número de sudaneses que sofrem de "fome aguda mais do que duplicou num ano", atingindo "18 milhões" de pessoas, alerta o PAM.

O país, outrora considerado o "celeiro da África Oriental", registou, segundo um estudo recente do PAM, os "níveis mais elevados de fome registados durante a época de colheita (outubro a fevereiro), normalmente um período em que há mais alimentos disponíveis".

No domingo, a chefe das operações humanitárias da ONU no Sudão deu o alarme sobre o destino dos 20 milhões dos cerca de 48 milhões de sudaneses, ou mais de 40% da população, aos quais a sua organização não tem acesso, e alertou que a ajuda humanitária poderia cessar por falta de fundos.

"Todas as partes em conflito devem permitir uma pausa humanitária e garantir o acesso irrestrito [à ajuda], a fim de evitar a catástrofe", advertiu na última quinta-feira Eddie Rowe, diretor do Programa Alimentar Mundial (PMA) no Sudão.

A pedido das autoridades sudanesas, o Conselho de Segurança pôs fim, em 01 de dezembro, à missão política da ONU que registou, nomeadamente, as violações dos direitos humanos que se multiplicaram desde o início da guerra.

Leia Também: Crise alimentar agrava-se no Sudão e ONU pede financiamento de emergência

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