Por ocasião do Dia Internacional dos Migrantes, hoje assinalado, a organização não-governamental (ONG) apontou que são os "grupos marginalizados como os migrantes e a sua comunidade que, em muitos casos, estão na primeira linha do impacto da crise climática".
As temperaturas dos países do Golfo - Bahrein, Omã, Arábia Saudita e Emiratos Árabes Unidos (EAU) - ultrapassam geralmente os 40 graus centígrados entre 100 a 150 dias por ano e, segundo o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, poderão superar o limiar da habitabilidade no final do século.
Um dos grupos mais afetados é dos técnicos de aparelhos de ar condicionado. Um desses trabalhadores relatou à HRW como continua a sua jornada laboral apesar das "condições extremas, passando as oito horas diárias (de um total de 12 horas) nos telhados nos casos em que é preciso reparar" os aparelhos.
Como estes equipamentos, em muitos casos, funcionam 24 horas e requerem reparações constantes, o trabalhador contou que, e "com o aumento da temperatura", este trabalho "é cada vez mais difícil".
Apenas no Qatar vigora a proibição de trabalho no exterior quando se registam mais de 32,1 graus centígrados, mas a HRW notou que as "medidas de proteção contra o calor não são adequadas".
Os trabalhadores, cuja maioria são migrantes que chegam à região através de um sistema de patrocínio (kafala, em que o empregador, ao invés do Estado, controla o direito de residência do trabalhador), são "muitas vezes invisíveis, mas indispensáveis, (...) estão a tornar a vida mais habitável no calor crescente do Golfo", explicou Michael Page, diretor-adjunto da HRW para o Médio Oriente.
"O Dia Internacional dos Migrantes deve aumentar a consciência sobre a necessidade de reformar as práticas laborais exploradoras em empregos críticos para ajudar as pessoas a enfrentar a crise climática", acrescentou Page.
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