O Exército israelita iniciou na segunda-feira o cerco a esta unidade hospitalar, prendeu diversos médicos, enfermeiros e feridos, e destruiu uma parte do complexo, afirmou à agência noticiosa AFP Fadel Naim, o diretor do estabelecimento.
"A intrusão do Exército de ocupação colocou o hospital fora de serviço. Não podemos receber doentes, nem feridos", disse.
O mesmo responsável acrescentou que quatro pessoas feridas na segunda-feira por disparos israelitas quando se encontravam no hospital morreram hoje.
"Vendaram-nos e amarraram-nos. Devido às cordas ficámos com feridas nas mãos. Ficámos amarrados durante mais de nove horas, ao frio", declarou à AFPTV um enfermeiro, Mohamad Araj, após ter sido libertado.
"Torturaram que quiseram. Ouvíamos gritos quando tínhamos os olhos vendados. Não sabíamos o que nos ia acontecer, se seriamos mortos ou se iríamos sobreviver", acrescentou.
O Exército israelita não reagiu no imediato a estas alegações.
O Al-Ahli Arab, também conhecido por hospital Baptista, já tinha sido danificado por uma explosão no seu parque em 17 de outubro, que segundo as autoridades locais do Hamas provocou 400 mortos.
O Hamas atribuiu este ataque a um disparo israelita, que desmentiu, afirmando possuir "provas" de ter sido um provocado por um "rocket" da Jihad islâmica, outro grupo armado palestiniano, que falhou o alvo.
O porta-voz do Ministério da Saúde do governo do Hamas, Ashraf al-Qidreh, afirmou hoje que o Al-Awda, outro hospital do norte da Faixa de Gaza situado em Jabaliya, foi transformado pelo Exército israelita numa "caserna".
Segundo referiu, o Exército mantém 240 pessoas detidas no hospital "incluindo 80 membros do pessoal hospitalar e 40 doentes", e deteve o seu diretor, Ahmad Mhanna.
A situação humanitária, já catastrófica, continua a deteriorar-se na Faixa de Gaza, devido aos contínuos e intensos bombardeamentos israelitas, indicaram as organizações de socorro no terreno.
Apesar da chegada de ajuda humanitária, continua a registar-se uma enorme escassez de água, eletricidade e alimentos.
No domingo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou que o hospital Al-Ahli Arab estava a receber "os doentes críticos" do vizinho hospital de Al-Chifa "para intervenções cirúrgicas".
O Al-Chifa, o maior complexo hospitalar da Faixa de Gaza, está a funcionar com recursos mínimos e com uma equipa muito reduzida após ter sido alvo em novembro de uma operação de envergadura do Exército israelita, que acusava o Hamas de utilizar os hospitais como centros de comando.
De acordo com a ONU, menos de um terço dos hospitais na Faixa de Gaza estão operacionais, e a maioria de forma parcial.
Os hospitais foram atingidos por diversas vezes pelos ataques israelitas desde o início da mais recente guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada após um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 07 de outubro.
No total, 1.140 pessoas, na maioria civis, foram mortas nesse dia, segundo uma contagem da AFP a partir dos últimos números oficiais israelitas.
Em represália, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita, bombardeia desde 07 de outubro a Faixa de Gaza, onde segundo o governo local do Hamas já foram mortas cerca de 19.670 pessoas, na maioria civis.
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