Em breves declarações aos jornalistas no palácio da presidência, em Bissau, Rui de Barros desdramatizou as críticas de militantes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), do qual faz parte, que o acusam de "traição".
A coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI- Terra Ranka), liderada pelo PAIGC, vencedora das eleições legislativas de junho passado com uma maioria absoluta, distanciou-se do Governo de Rui de Barros, que considera ilegal e inconstitucional.
A PAI- Terra Ranka, que detinha 54 dos 102 deputados no parlamento, formou um Governo com outras formações políticas, nomeadamente o Partido da Renovação Social (PRS), que tinha 12 deputados no parlamento, e o Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG), que detinha seis mandatos.
O Presidente guineense dissolveu o parlamento e demitiu o Governo da PAI -- Terra Ranka no passado dia 04, invocando uma grave crise no país, na sequência de confrontos entre militares e a Guarda Nacional dias antes (na sequência da detenção de dois membros do Governo por alegada corrupção), situação que considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado.
A Constituição guineense estipula que o Presidente não pode dissolver o Parlamento nos 12 meses seguintes às eleições legislativas.
Vários militantes do PAIGC criticam o facto de Rui de Barros, deputado no parlamento agora dissolvido e dirigente do partido, ter assumido um Governo que aquela formação política não reconhece.
"Para nós, o importante é fazer tudo o que for possível para levar este país para a frente e para isso contamos com toda a gente", afirmou o novo primeiro-ministro guineense, que era presidente do Conselho de Administração no parlamento dissolvido.
Sobre a sua equipa, composta por 24 ministros e nove secretários de Estado, Rui de Barros disse que vai "trabalhar para resultados", sem olhar a personalidades e partidos, frisou.
Quem também tem sido alvo de contestações de militantes do PAIGC é Aly Hijazy, antigo Secretário Nacional do partido e que agora integra o Governo como ministro da Administração Pública, Emprego, Formação Profissional e Segurança Social.
Questionado sobre se a sua decisão mereceu a aprovação do PAIGC, do qual é também dirigente, Hijazy disse que sempre pensou e agiu com a sua cabeça.
"É uma decisão minha, aliás, todas as decisões que tomei são minhas, ninguém me influenciou a fazer o que eu não quero fazer", declarou Aly Hijazy, lembrando ser "um cidadão livre".
"Eu acho que a Luta de libertação Nacional foi por causa disto: A liberdade para caminharmos com os nossos pés e guiados pelas nossas cabeças. Em qualquer lugar onde eu estiver, eu tenho de decidir por mim", reforçou Hijazy.
Além destes dois dirigentes do PAIGC, fazem parte do novo Governo guineense outros membros do partido, nomeadamente, Carlos Pinto Pereira, ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e Comunidades, José Carlos Esteves, ministro dos Transportes, Telecomunicações e Economia Digital e Mário Muzante da Silva, ministro das Pescas e Economia Marítima.
A posse do novo Governo não contou com a presença de nenhum elemento da comunidade internacional, contrariamente ao que acontece normalmente no país.
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