"Nesta luta titânica, senhor ministro, a Polónia está do seu lado", declarou Radoslaw Sikorski ao seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, criticando uma Rússia que "bombardeia cidades, destrói províncias inteiras, deporta crianças e se prepara para destruir um vizinho que nada fez de errado".
Sikorski afirmou que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, queria "reconstruir o império russo" desencadeando a "última guerra colonial na Europa" em 24 de fevereiro de 2022.
Durante a visita foram ouvidos os alarmes de ameaça de bombardeamentos aéreos, merecendo um comentário do novo ministro: "Essas sirenes que se ouvem agora são a razão pela qual estou aqui", observou.
"A Rússia tem de perder e a Ucrânia tem de ganhar. E nesta questão, independentemente de quem estará no poder na Polónia, como podem ver, estamos unidos", disse ainda.
A Polónia é um dos principais aliados da Ucrânia na Europa, mas as relações entre os dois vizinhos esfriaram nos últimos meses devido a disputas comerciais.
Esta página parece ter sido virada com a recente chegada ao poder de uma coligação pró-europeia em Varsóvia que desalojou o antigo executivo ao fim de oito anos.
Sikorski publicou pela manhã uma 'selfie' tirada na Praça Mykhaïlivska, perto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, no centro da capital ucraniana: "Primeira visita ao estrangeiro. Já aqui", escreveu na rede social X.
O ministro deslocou-se à Ucrânia para tentar "encontrar uma solução para o problema do fluxo excessivo de produtos agrícolas [ucranianos] para a União Europeia, e em particular para a Polónia", detalhou na sexta-feira o novo titular da Agricultura, Czeslaw Siekierski, na agência polaca PAP.
Outra questão difícil entre Kyiv e Varsóvia diz respeito ao bloqueio da fronteira entre a Ucrânia e a Polónia por camionistas polacos, em protesto contra uma alegada concorrência desleal dos colegas ucranianos, e que se tem mantido desde o início de novembro, criando filas intermináveis.
O ministro ucraniano das Infraestruturas, Oleksandr Kubrakov, reuniu-se pela primeira vez com o seu homólogo polaco recentemente nomeado em Varsóvia, na quarta-feira, para resolver este problema.
Um alto funcionário polaco é esperado no Ministério das Infraestruturas, em Kyiv, na sexta-feira, para uma nova ronda de negociações.
O novo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, prometeu encontrar uma solução para as transportadoras insatisfeitas.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 após a desagregação da antiga União Soviética e que tem vindo desde então a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
Desde o outono, Moscovo tem aumentado os ataques noturnos contra cidades ucranianas, numa altura em que se levantam dúvidas sobre a continuação do apoio militar ocidental a Kyiv.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
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