A junta militar no poder no Mali disse que estava a retirar o embaixador Mahamane Amadou Maiga da Argélia "para consultas com efeito imediato", de acordo com uma carta enviada pela embaixada do Mali ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Argélia.
No início da semana, o Mali tinha convocado o embaixador da Argélia no país "para expressar um forte protesto na sequência dos recentes atos hostis das autoridades argelinas sob o pretexto do processo de paz no Mali", disse a junta.
"Estes atos constituem uma ingerência nos assuntos internos do Mali", declarou o Gabinete de Informação e Imprensa do Mali, instando a Argélia "a dar prioridade ao diálogo com as autoridades malianas".
A Argélia defendeu os encontros com os líderes rebeldes malianos, acrescentando que "se enquadravam perfeitamente" nos esforços de Argel para ajudar a implementar o acordo de paz assinado em 2015.
Argel foi fundamental para a assinatura do acordo entre o Mali e os rebeldes, que se desmoronou depois de ambas as partes se acusarem mutuamente de não o terem cumprido.
Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino instou o Mali a "juntar-se aos esforços atualmente empreendidos pela Argélia para dar [ao acordo de paz] um novo impulso".
A Argélia tem sido o principal mediador nos esforços de paz entre o Mali e os rebeldes tuaregues, cuja campanha separatista no norte lançou o país num conflito violento durante mais de uma década.
A disputa entre os dois países pode ameaçar ainda mais os esforços de paz no Mali, onde novos confrontos eclodiram entre o governo militar e os rebeldes tuaregues nos últimos meses.
Analistas alertaram para o facto de os desenvolvimentos poderem significar mais violência numa região já ameaçada por combatentes ligados à Al-Qaeda e de onde as forças francesas e as forças de manutenção da paz das Nações Unidas se retiraram nos últimos meses.
A França concluiu na sexta-feira a retirada militar do Níger, seguindo-se à retirada dos últimos soldados franceses do Mali, em ambos os casos a pedido das autoridades locais. A retirada dos 13 mil elementos das forças da ONU do Mali terminou este mês.
O Mali é atualmente governado por uma junta militar após os golpes de Estado de agosto de 2020 e maio de 2021, ambos liderados por Assimi Goita, o atual Presidente de transição.
Goita afastou-se da antiga potência colonial, França, e solicitou a retirada das forças de manutenção da paz da ONU, ao mesmo tempo que estreitou as ligações à Rússia.
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