A tensão entre Telavive e Ancara foi desencadeada pelas duras críticas de Erdogan ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que comparou o líder israelita ao dirigente da Alemanha nazi Adolf Hitler, por causa da ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza.
"A embaixadora israelita não regressará [a Ancara] enquanto Erdogan for presidente da Turquia", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, em declarações à emissora pública Rash Bet, citadas pelo diário Haaretz.
Cohen criticou o "comportamento irresponsável" de Erdogan, acusando-o de "estar do lado do Hamas".
"Penso que ficou demonstrado que a decisão que tomei de chamar a embaixadora israelita na Turquia para consultas foi a mais correta", afirmou.
Cohen apelidou ainda Erdogan de "ingrato" e recordou a ajuda humanitária prestada por Israel à Turquia em fevereiro deste ano, após os devastadores terramotos que abalaram o sul do país, perto da fronteira com a Síria, e que causaram milhares de mortos.
"Até abrimos lá um hospital de campanha", afirmou o ministro israelita.
As autoridades israelitas retiraram a sua embaixadora na Turquia, Irit Lilian, a 19 de outubro, alegando preocupações de segurança na sequência dos ataques do grupo islamita palestiniano Hamas 12 dias antes, enquanto Ancara chamou o seu embaixador em Israel para consultas a 04 de novembro, criticando a ofensiva israelita na Faixa de Gaza.
Desde então, Erdogan proferiu fortes críticas contra Netanyahu, acusando-o de ter cometido crimes de guerra em Gaza.
"Falam de Hitler de uma forma estranha, mas qual é a diferença entre si [Netanyahu] e Hitler?", questionou Erdogan na quarta-feira, declaração que foi criticada de imediato por Netanyahu.
Na sua reação, o primeiro-ministro israelita considerou que o Presidente turco "é a última pessoa que pode dar lições de moralidade" aos israelitas.
"Erdogan, que comete genocídio contra os curdos, que tem o recorde mundial de número de jornalistas presos por se oporem ao seu Governo, é a última pessoa que nos pode dar lições de moralidade", afirmou Netanyahu.
Israel declarou guerra ao Hamas depois de o grupo islamita palestiniano ter lançado um ataque sem precedentes em solo israelita, em 07 de outubro, a partir da Faixa de Gaza.
O ataque causou cerca de 1.200 mortos e os comandos do Hamas fizeram ainda 240 reféns que levaram para a Faixa de Gaza, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel tem atacado Gaza por ar, terra e mar, numa operação para aniquilar o Hamas que causou até agora mais de 21.000 mortos, segundo o grupo islamita.
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