O incêndio devastou um conjunto de abrigos de bambu e lona num campo de refugiados situado no sudeste do país, avançou o representante das Nações Unidas e de outras organizações internacionais, Mizanur Rahman.
"Pelo menos 711 abrigos arderam completamente e 63 ficaram parcialmente danificados", adiantou Rahman, acrescentando que cinco centros educacionais e duas mesquitas também foram destruídos.
O incêndio, que já foi controlado e não causou vítimas mortais, deixou cerca de 4.000 pessoas desabrigadas, afirmou, sublinhando que foi aberta uma investigação, já que se suspeita de incêndio criminoso.
O Bangladesh acolhe cerca de um milhão de 'rohingya', muitos dos quais fugiram da repressão militar de 2017 em Myanmar (antiga Birmânia) contra esta minoria maioritariamente muçulmana, que está a ser avaliada pela ONU com possível genocídio.
A agência da ONU para os refugiados confirmou que "um grande incêndio danificou muitos abrigos de refugiados", acrescentando que está a "resgatar os mais afetados".
Os incêndios são comuns em dezenas de campos de refugiados 'rohingya' no Bangladesh, especialmente durante a estação seca, de novembro a abril.
Muitos campos também estão destruídos pela violência entre grupos rivais 'rohingya'.
A segurança nos campos deteriorou-se nos últimos meses, de acordo com a polícia, que registou mais de 60 refugiados mortos em guerras internas e conflitos relacionados com drogas no ano passado, o número mais elevado alguma vez registado.
Em março do ano passado, um incêndio no campo de Kutupalong, um dos maiores campos de refugiados do mundo, destruiu cerca de 2.000 abrigos e, em 2021, no mesmo campo, pelo menos 15 'rohingya' morreram e 50 mil outros refugiados ficaram sem abrigo após um incêndio.
?Os 'rohingyas', uma das minorias mais perseguidas no mundo, pertencem uma etnia que vive em Myanmar há séculos, no estado de Rakhine, onde representam mais de um terço da população.
Com uma linguagem própria, que não é reconhecida pelo Estado, os 'rohingyas' não são apenas perseguidos pelas autoridades estatais, enfrentando também muitos confrontos entre grupos da mesma etnia e com grupos da região Rakhine que seguem o budismo.
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